sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O Anchieta do Nordeste

O Anchieta do Nordeste - 1

Esta semana o padre José Andrade Alves, da diocese de Cajazeiras (PB), andou pesquisando informações sobre o tempo que o padre Inácio de Sousa Rolim (foto abaixo à esquerda) viveu em Crato, mais precisamente no Lameiro, no final da década 60 do século 19. Tudo porque o bispo diocesano de Cajazeiras autorizou o levantamento da vida do padre Rolim com vistas à abertura do processo de beatificação deste sacerdote. Com fama de santo, o educador padre Rolim foi chamado por Dom Pedro II de “O Anchieta do Nordeste”. A propósito, o médico-historiador Irineu Pinheiro, no livro “O Cariri”, publicado em 1950, escreveu textualmente o abaixo: “A esse sítio Lameiro, quem ali fosse há alguns anos atrás, veria ao lado poente da estrada, entre canaviais, em frente ao engenho d’água do coronel Nelson da Franca Alencar, (foto abaixo à direita) as ruínas melancólicas de uma ermida, emborcado no peitoril da janela de uma das paredes estragadas um sino de bronze, mudo havia lustros. Construiu-a o Padre Inácio de Sousa Rolim, um dos grandes educadores sertanejos do nordeste brasileiro, precisamente no local onde havia um velho Quarto de Orações, por ele derribado.
O Anchieta do Nordeste - 2


E continua Irineu Pinheiro: “Numa casa de tijolos, singular por ter no meio das paredes forquilhas de aroeira, que sustentavam as linhas do teto, muito próxima da capela, dedicada a N.S. da Conceição, morou o Padre uns quatro anos, a dizer as suas missas matinais, a fazer enxertos em árvores frutíferas, a cuidar ele mesmo, enxada em punho, de um trigal que plantou, limpando-o com amor, molhando-o com as águas da nascente do Loanda. Chegou a colher frutos da famosa gramínea, mas lhe não foi possível incorporá-la na nossa agricultura. Zangava-se quando o interrompiam nos seus trabalhos de lavoura. Vivia o Padre Rolim como um asceta, sozinho, a alimentar-se frugalmente, a dormir numas duras tábuas de cedro, tendo por travesseiro um tijolo de barro cozido, envolvido num paninho. Não admitia, absolutamente, entrassem mulheres na sua residência”.



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