sábado, 30 de outubro de 2010

Nas alturas da Serra do Vital

“Não tenha pressa de ir embora.” É assim que você é recebido no Nas Alturas, restaurante de comida regional localizado na Serra do Vital, bem na divisa dos municípios de Cajazeiras e São José de Piranhas. O dono do local é o agricultor João Simão, filho de Janoca da Terra Molhada, e que já foi presidente da União Municipal das Associações Comunitárias de Cajazeiras (UMACC). Lá na Serra do Vital, ele mora com a família e toca o restaurante que é um sucesso em toda a região, ao lado da mulher, filha, sobrinhas, primos. Produz tudo no local, à exceção do peixe, que vem de Boqueirão de Piranhas, e da bebida, é claro.

No cardápio, o melhor da comida regional: galinha caipira com pirão, rubacão, macaxeira, jerimum, cuscuz, bola coberta, peixe fito ou cozido, pirão de peixe, carne de sol, carne de porco, mungunzá, fava, espetinhos para petisco... Comida honesta, farta e com preço justo.


O espaço é um convite ao prazer e ao relaxamento. À sombra de um frondoso fícus, o visitante esquece o tempo e se deleita com o melhor da culinária sertaneja. A 750 metros de altitude, contempla as belíssimas paisagens do entorno sob a sombra de cajazeiras, cajueiros e mangueiras, além de árvores nativas. Cerca de quinze cidades são avistadas, além do majestoso Açude de Boqueirão de Piranhas.

Outros atrativos já estão sendo implantados por João Simão na Serra do Vital. Vários chalés serão construídos nas cercanias, com capacidade para acomodar até 8 pessoas cada um. O primeiro já está em pleno funcionamento. Trilhas para caminhadas também fazem parte dos planos de João Simão, que quer mostrar suas colméias aos interessados, já que também é apicultor. Ele também comercializa cajus e cria gado. É o turismo rural e ecológico tornando-se realidade no Sertão de Cajazeiras. O toque de modernidade fica por conta do abastecimento com água de qualidade e da energia elétrica. Em breve o ambiente será wi-fi, com acesso de internet aos visitantes.

Nos meses de junho a agosto, a Serra do Vital registra temperaturas mínimas de 13º C na madrugada. Durante o dia, uma brisa agradabilíssima quase deixa você esquecer que está em pleno sertão nordestino. Mas Cajazeiras bela e quente está o tempo todo à sua frente lembrando disso.

O restaurante Nas Alturas funciona aos sábados e domingos, onde tem a sua maior freqüência. O acesso dá-se pela PB-400 até a altura do Km 19, onde pega-se uma estrada de terra com trechos de calçamento nas subidas mais íngremes.

Irmão de deputado estadual recém-eleito e tio do prefeito de Cajazeiras mata á golpes de faca-peixeira comerciante

POLICIAL: 30/10/2010 – Policiais civis de Plantão na Delegacia Distrital de Cajazeiras receberam uma informação na tarde de hoje, sábado (30), por volta das 14hs00, que um homem estava tentando esfaquear outro na Rua José Gonçalves da Silva, 154 – Conjunto Fátima Santos, nas imediações do colégio estadual nesta cidade.
Dirigiram-se para o local indicado, os agentes Carlos Barromeu, Wellington e George, no comando da operação estava o delegado Dr. Gilson de Jesus Teles, que efetuaram em flagrante delito a prisão do agricultor Edimilson Abreu, residente na zona rural desse município ainda, com uma faca-peixeira ensangüentada usada para praticar o assassinato.
Segundo informações dos peritos, foram aplicados dezesseis golpes que atingiram costas e tórax, tirando a vida da vítima, Francisco Edvard da Silva, conhecido popularmente por “Edval do Espetinho” 48 anos, comerciante, residente á Avenida Francisco Matias Rolim – Bairro Alto Belo Horizonte – Cajazeiras/PB, que não esboçou reação e tombou morto no local. Outras informações obtidas no local dão conta que o autor havia se separado da mulher com quem tem um filho e não gostou do fato da mesma estar se envolvendo com Edvard.
O corpo da vítima fora encaminhado pelo (IPC), para a cidade de Patos, a fim de serem realizadas pericias de maior complexidade. A PM compareceu para preservar o local do crime, pois uma multidão de curiosos se formou á frente da residência.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

CARNAVAL DOS ANOS 50



O carnaval de cajazeiras no anos 50, tinha entre suas atrações desfilhes de troças, charangas e carreatas (que na mairia, eram formadas por caminhonetas chevrolet e Jippe's sem capotas) lotados de pessos travestidas de pierrós, colombinas e arlerquins, regados a muito pó e água. A praça João Pessoa era o palco desse tipo de carnaval mela-mela, como era chamado por todos. Deixou saudades.
Do blog: CAJAZEIRAS DE AMOR

O Cronista do Boato

Foi uma festa. Uma festa do resgate. Uma festa da memória, in memoriam. Uma festa do reencontro. Uma festa para celebrar os “causos de Valiomar Rolim”, que desta vez não era boato, mas uma festa de verdade. A sua família, tendo a frente a sua irmã Vilmar Rolim fez o que Valiomar, já teria feito se vivo estivesse: reunir suas crônicas, muitas já publicadas em jornais da Paraíba e transforma-las num “delicioso” livro: “O Cronista do Boato – Causos de Valiomar Rolim”, editado pela Moura Ramos, da cidade de João Pessoa.

O lançamento do livro foi realizado na sede do Rotary Clube de Cajazeiras, na Avenida Comandante Vital Rolim e contou com a presença de amigos de Valiomar, muitos de outras cidades, inclusive do Recife, Rio de Janeiro e João Pessoa. Foi uma festa do reencontro dos amigos comuns de Valiomar.

Valiomar em seus “boatos” fez estória e história da terra que lhe serviu de berço. Cajazeiras era o centro de suas atenções, o seu universo, a sua guarida, o seu porto seguro e onde seu coração palpitava acima do normal.
A narrativa de suas crônicas retrata o cotidiano da cidade, esbugalha os personagens mais simples, mais humildes e nelas esconde o riso até o momento final da leitura de cada“boato” que tornava uma realidade no sabor de suas palavras escritas.

Toinha 99, João de Manezim, o guarda Tibúrcio, Zé de Sousa, Zé das Chaves, o não menos famoso Zecão, Neco de Luiz Pezinho, Dedé Bundão e tantos outros cajazeirenses foram brilhantemente lembrados através dos “boatos” de Valiomar. Estes ilustres personagens não poderiam ficar no anonimato, sem um registro histórico nas estórias de Valiomar. Que contribuição valiosa deu Valiomar à História do Cotidiano de nossa urbe.
Rir, rir e rir. Esta é uma constante nos escritos de Valiomar, nos seus causos vivenciados nas paisagens que ficaram marcadas profundamente em sua memória. Não esqueceu os grandiosos e exuberantes cenários de sua cidade, quando de forma carinhosa e telúrica vai fazendo narrativas e enquadrando os seus personagens em cada um deles: o Açude Grande, (por que este açude que não é grande tem uma magia tão grande sobre todo filho de Cajazeiras?), o Tênis Clube, o Clube 1º de Maio, o sesquicentenário Colégio Diocesano, o Sitio Olho Dágua do Melão, a Praça Presidente João Pessoa, o Bar Centenário, a Rua Victor Jurema e outros logradouros da cidade.

Mas Valiomar também introduz nos seus causos figuras importantes da cidade, a exemplo do Bispo Zacarias, do Mons. Vicente Freitas, Dr. Waldemar Pires, Ica Pires, seu tio Chico Rolim, Epitácio Leite, todos envolvidos como personagens de suas envolventes crônicas.

Valiomar não deixou de lado sequer os membros da sua família, motivo de suas telúricas e fraternas narrativas quando suas palavras, em verdadeiros turbilhões, pincelam com amor e carinho, os momentos mais descontraídos vividos no seio da família.

Valiomar se sobressai quando envolve os seus contemporâneos de escolas, de agremiações e de trabalho: Ferreirinha, Luluzinha, Boinho, Rafael Holanda, Neto Xavier, Hora Certa, Galego Capita, Roosevelt Leitão, Mosquito, Dienner, Zélio Furtado, Gutemberg Cardoso, Nonato Guedes, Bira Assis, Luis Alves, Lena Guimarães e mais uma dezena de grandes e fraternos amigos, enquanto moleque, estudante e médico conquistou de coração e simpatia.

Valiomar também defendeu e abraçou através de suas crônicas as grandes causas da terra que lhe serviu de berço, muitas com profunda indignação e revolta, outras mostrando os caminhos para que sua cidade pudesse adquirir o status de melhor da Paraíba, motivo que o orgulhava muito.
A família está de parabéns pelo lançamento do livro que Valiomar tanto sonhou. Na próxima edição, agora com mais tempo, vamos garimpar mais uma dezena de crônicas que não foram publicadas e incluí-las.
Agora Valiomar conta os seus boatos no céu, gloriosamente.

A confissão de Chico Rolim, por Frassales

Gazeta do Alto Piranhas -25 a 31 de janeiro 2008

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

PÉRPETUO, OU PÉTO: o nosso Pelé de Cajazeiras.

O Estádio Higino Pires Ferreira era a casa de Perpétuo, porque era lá que ele mostrava para os cajazeirenses a arte de jogar bola, jogar futebol, sua grande paixão, e Cajazeiras se orgulhava disso. Ele jogava com maestria. Era um futebol de encantar até mesmo torcedores adversários, porque seu chute era rasante, mortal e certeiro. Criava jogadas de reflexos rápidos e decisivos, fazendo com que seus marcadores ficassem desnorteados ou zonzos. Perpétuo marcou gols de todas as maneiras, de todos as formas, de todos os ângulos. O chute de Pérpetuo tenho como referência o chute de Roberto Carlos (ex-Seleção Brasileira, Palmeiras, Real Madrid e agora no Corinthians). 

Assisti muitos jogos de equipes por onde Perpétuo atuava. Tive a felicidade de, muitos vezes, soltar o grito de gol feito por Peto. Sem desmerecer aos demais jogadores de Cajazeiras que participavam de campeonatos locais, qualquer torcedor ficava mais eufórico quando Peto balançava as redes adversárias. Aliás, cito alguns nomes de atletas cajazeirenses que fizeram nome na história do futebol local: Alcides, Assis, Careca, Fon-Fon, Nilbertson, Nilsinho, Neco, Nego, Josué, Nilmar, Pindoba, João Batista, Genival, Jackson, Francinaldo, Marcos, Gedeão, Fuba, Mucuim, Airton, Bil, Galego Diá, entre outros e outros mais. Perpétuo jogou ainda no River de Teresina, Quixadá do Ceará, entre outros times de Juazeiro do Norte. 

Em Cajazeiras tinha um grande comerciante, Deuzimar Cavalcante, primo de Zé Cavalcante da Ford, que fazia andanças por São Paulo a serviço, e, em certa ocasião, ele foi ao Parque Antárctica, sede do Palmeiras, e em conversa com dirigentes daquela equipe, sondou a possibilidade de Perpétuo fazer testes naquela equipe. De pronto dirigentes aceitaram a proposta e, chegando em Cajazeiras com essa informação, Deuzimar falou com Perpétuo e ele que tanta amava sua cidade, não concordou em sair de Cajazeiras, tanto era o amor que ele tinha por sua terra.
Na época, década de 60, jogadores mirins se espelhavam em Perpétuo, tais como Wilton Moreno, Neném Mãozinha, Beré, Darlan, Nilsinho, Dudú, Seu Paulo (cara de tabaco), entre tantos outros. 
Perpétuo morreu no ano de 1978, aos 39 anos de idade, deixando uma grande saudade para os desportistas cajazeirenses.
Para se fazer jus ao jogador de futebol Perpétuo, Cajazeiras aprovou por unanimidade o voto de aprovação do nome do novo campo de futebol em sua homenagem, ou seja, ESTÁDIO PERPÉTUO CORREIA LIMA, “O PERPETÃO”, um dos melhores estádios da Paraíba. Parabéns Cajazeiras, parabéns o futebol da terra do Padre Rolim, que ultimamente revelou dois grandes jogadores para o futebol brasileiro. Joab Santos Albuquerque (AZUL), goleiro que jogou no meu Vasco da Gama e Renato Adriano Jacob Morais (RENATO CAJÁ), meio campo do Botafogo do Rio de Janeiro. Na década de 60, Francisco das Chagas (Chagas), um cajazeirense que morava na Itália, jogou pelo juvenil da Internazionale de Milão. Seus pais moravam no final da Rua Dr. Coelho, já na entrada da Rua Santo Antônio. Chagas era um rapaz magro, de cor negra, era ponta esquerda e jogou pelo Estudante.
Pereira Filho
jfilho@ebc.com
Radialista
Brasília-DF

 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Radialista sofre ameças de vereador no Sertão. Na PB, ano eleitoral foi marcado por agressões e processos a imprensa.

O radialista Ângelo de Mesquita Limeira, de 29 anos de idade, foi vítima de ameças. O caso aconteceu na noite deste sábado (23), no Centro da cidade de Cajazeiras, no Alto Sertão paraibano.  
De acordo com a polícia, o acusado pela pela prática das ameaças é o vereador cajazeirense, Moacir Menezes. A vítima, Ângelo de Mesquita informou à Polícia Militar que o vereador havia lhe ameaçado, tentando impedir a apresentação de uma viatura (UTI Móvel) nas ruas da cidade de Cajazeiras.
O veículo havia chegado à cidade para compor os utensílios e equipamentos do Hospital Regional de Cajazeiras (HRC). Os policiais realizaram várias diligências pela cidade, mas não conseguiu localizar o vereador. A vítima foi orientada a comparecer à Delegacia de Polícia Civil, onde registrou queixa contra o acusado.
Em ano eleitoral, a agressão a profissionais da imprensa foi constante. Matéira publicada no PB Agora mostra registro de outras três agressões praticadas por políticos paraibanos contra profissionais da imprensa.
Liberdade de expressão em xeque: em ano de eleição, três profissionais da imprensa da Paraíba já foram vítimas de agressão de políticos
Fonte: PB Agora/Com portal correio

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mãe Aninha, a nossa Senhora!

Fonte: obra de Deusdedit Leitão, O EDUCADOR DOS SERTÕES


Ana Francisca de Albuquerque, a mulher de Vital de Sousa Rolim, ficou lembrada carinhosamente, pelo povo de sua terra pelo vocativo de Mãe Aninha. O Padre Heliodoro Pires dedicou a essa suave e terna figura da história cajazeirense páginas que deixam transparecer o seu entusiasmo pelo trabalhar que ela desenvolveu com mãe exemplar, amiga dos pobres e desvelada protetora de todos que recorria à sua dedicação.
Com a morte do marido assumiu os encargos de direção da família, orientando e dirigindo a numerosa descendência. Impôs, pela bondade e pela dedicação, uma espécie de matriarcado que a colocava no centro de todas as decisões tomadas em Cajazeiras pelos seus filhos, netos e parentes, foi também a mãe dedicada e carinhosa de todos a quem viu nascer na edificante prática do seu mister de parteira, que lhe deu, para ao culto da posteridade, o carinho vocativo de Mãe Aninha.
Foi a beleza desta tradição, desses admiráveis exemplos de dedicação e bondade, que levaram o Padre Heliodoro Pires a traçar-lhe o perfil de matrona sertaneja, exaltada na projeção de suas virtudes:
“Mãe Aninha! Era este o vocativo suave com o povo a conhecia. Ana Francisca de Albuquerque domina pela bondade e generosidade d’alma.
É com este apelido tão expressivo e tão delicado que a mãe do Padre Rolim entra fulgurantemente na História Nacional.
Teve sempre a viva preocupação dos pobres. Quando saía para passear pelas veredas da fazenda primitiva, levava sempre um pouco de algodão para ir fiando. Vendia depois os novelos que fazia nesses passeios, a fim de aplicar o dinheiro aos pobres.
O cajazeirense devem ter um culto de veneração a esta mulher. Foi ela quem fez a igreja que é hoje a catedral de Cajazeiras. Adivinho o futuro desta terra. Era uma senhora sem orgulho. Apesar de rica, dona de escravos e senhora do lugar, prestava a todos indistintamente os seus serviços de obstetrícia. Não perguntava se era rico ou pobre, branco ou escravo que a chamava.
Tudo que uma mulher pode ter de virtude, de piedade, de espírito de sacrifício, de dedicação maternal, de energia, de elevação e de beleza moral teve-o Ana de Albuquerque.
A família Albuquerque é fértil nestes tipos de fidalguia moral e distinção. O culto à filha de Luís de Albuquerque não morrerá mais, nunca mais nos sertões brasileiros.
Mãe Aninha é uma figura meiga, suave, iluminada de bondade e piedade infinita”.

Cartaz Proibitivo


Pe. Gervásio Coelho (que morreu longe de Cajazeiras, no Rio de Janeiro, por desgosto da terrinha),


Padre Gervásio Fernandes de Queiroga

Se alguém for apanhado à beira deste açude,
Faminto e quase nu, com restos de saúde,
Tendo a minhoca presa à linha de um anzol,
Será encarcerado, como um ladro vil,
Porque furtou um peixe aos dono do BRASIL,
Quando morrer devia de fome sem lençol...
NB. Há na Paraíba um açude, no município de Cajazeiras, feito pelo DNOCS, de grande capacidade, mas não serve aos habitantes porque não há irrigação, não se dividem as terras marginais em “VAZANTES” e os “filhotes” do Governo proíbem até o faminto pescar. Esta glosa substitui o cartaz proibitivo.

Árvore cai no centro de Cajazeiras, deixa pessoas feridas e destrói comércios.

Duas pessoas ficaram entrelaçadas nos galhos da árvore.
Nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (22),  uma árvore frondosa caiu em cima de uma casa na Avenida Juvêncio Carneiro, Centro da cidade de Cajazeiras. As primeiras informações dão conta que havia várias pessoas no interior da residência.
Segundo informações, duas pessoas ficaram entrelaçadas nos galhos da árvore. O Corpo de Bombeiros e o SAMU estão no local para socorrer as vítimas
A árvore ficava em frente à Agência do Banco do Brasil e em frente aos Correios. O acidente provocou destruição de dois comércios, a banca do Galego e um barraco de sapateiro.
As primeiras vítimas foram identificadas como Bosco das galinhas e um motorista da empresa de ônibus Guanabara. Com a queda da árvore, a rede elétrica ficou comprometida, e com risco de novos acidentes no local.
A chuva que caiu em Cajazeiras de ontem (21) para hoje (22) registrou 52 milímetros e pode ter sido um dos fatores que ocasionou a queda da árvore, já que forte ventos, trovões e raios foram registrados.
 
 

Árvore cai no centro de Cajazeiras, deixa pessoas feridas e destrói comércios.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Valiomar Rolim e Nêgo Rúbi, irmão de Nenen Labirinto.


Esteve sempre antenado com as coisas de sua terra e dela e seu povo herdou o espírito buliçoso e gaiato. A sua gaiatice não se traduziu em grandes estórias suas, de participação especial, de protagonista, mas poucos souberam divulgar com a sua mestria as descrições do espírito cajazeirense, naqueles tons de alegria e saudade, fincados na existência concreta dos personagens.
Nos seus últimos anos de vida, Valiomar explorou, intensamente, o seu retorno espiritual e intelectual às coisas de Cajazeiras.
Por isto, passou a escrever em jornais as suas colunas dos nossos personagens da boa terra.
Para mim, ler o seu texto seguro, fácil, bem escrito e fiel à estória, era um prazer de grande escala. Via-me nas esquinas e calçadas cajazeirenses, bebendo a realidade de minha terra e de sua gente. Relembrava-me a sua imagem de boa pessoa risonha, de riso largo e generoso, dramatizando um fato, um personagem e colhendo, nos seus interlocutores, a alegria decorrente de uma grande narrativa jocosa.
Fomos de gerações distintas, mas cheguei a conviver com ele nos seus tempos de AUC (Associação Universitária de Cajazeiras). Ele me deu atenção, confiança e respeito. Foi assim no nosso tempo de mais juventude e se reiterou no nosso tempo de menos juventude.
Lembro-me de sua época de presidente da AUC. Semana Universitária das boas. Muitas atividades sócio-esportivas.
Numa delas, um churrasco na fazenda de finado Arcanjo.
Valiomar estava dividido entre o churrasco e uma corrida de motocross. Tinha que cuidar da organização dos dois eventos.
Quando ele chegou no churrasco, a festa já corria solta. Tinha música, cerveja e...churrasco. E gente muita!

Valiomar viu que tudo estava caminhando bem e resolveu voltar para Cajazeiras e vistoriar a tal corrida de motocross. Me chamou para voltar com ele e dar apoio ao outro evento.
Quando íamos em direção ao seu carro, um grande personagem cajazeirense, o nosso Nêgo Rubens, mais conhecido como o irmão de Nenen Labirinto (outro presepeiro de Cajazeiras) pediu uma carona e entrou conosco no automóvel.
Caimos na estrada. De terra e estreita. E Valiomar inventou de dirigir ligeiro, muito ligeiro - estava atrasado.
Nêgo Rubens - chamamos Nêgo Rúbi - morria de medo de carro veloz!
Fomos, então, Valiomar na direção, eu de carona, na frente, e Nêgo Rúbi no banco traseiro, na parte central.
Valiomar tinha um chevette novo e corredor. E deu vontade de fumar, mas não tinha o fósforo.
Por isto, ele pegou o cigarro e virou-se para o banco traseiro: "- Tem fósforo, aí, Nêgo Rúbi?"
Nêgo Rúbi tinha o fósforo, mas estava com dificuldades de encontrá-lo, já que o carro em alta velocidade balançava demais. Só respondeu a Valiomar dizendo; "- Tenho, mas olhe pra frente que eu dou!"
E tome velocidade! Nêgo Rúbi demorou a entregar o fósforo e Valiomar fez aquele movimento de se virar pra trás umas três vezes! "- Me dá o fósforo, aí, Nêgo Rúbi!"
Como Nêgo Rúbi toda vez só dizia " - olhe pra frente, que eu dou", Valiomar perguntou: "- oxênte, Rúbi, tá com medo?"
Nêgo Rúbi faz um esforço maior e coloca o corpo entre os dois bancos dianteiros do carro e começa a apontar pra cima, pro céu, onde voavam vários urubus. E então diz: "- Num sou eu, não, Valiomar. São eles! Um dono de jogo do bicho resolveu colocar eles no jogo e quebrou 17 vezes!"
Eu e Valiomar caímos na risada! Nêgo Rúbi é temeroso ao azar que o urubu provoca!

Oh! Carrazera boa!
Saudade de Valiomar!
 Fonte: Blog Sete Candeeiros Cajá

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Raquel Rolim Big Brhother Brasil 11

Este video foi feito para a edição do Big Brother Brasil 11, onde Raquel Rolim se apresenta falando dos seus objetivos na casa do bbb e porque merece ter esta oportunidade.


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Minha resposta ao e-mail da assistente social Rita Maria Figueiredo de Sousa


Prezada Rita Maria,
Antes de tudo parabenizá-la pelo seu trabalho. Quero sim colaborar com a sua lida e enviarei oportunamente via e-mails, de acordo com a minha disponibilidade de tempo.
Todavia dê uma vasculhada no blog que já vai ser encontrada boas informações.
Veja estes marcadores, basta clicá-los:
Um abração,
Claudiomar
PS. Acho que todos possam ajudá-la, seu e-mail:
ritamariafig@yahoo.com.br

E-mail que recebo da assistente social Rita Maria Figueiredo de Sousa


Olá, Claudiomar!
Sou assistente social do Programa de Assistência Técnica, Social e Ambiental - ATES- do INCRA e a CAAASP (Central das Associações dos Assentamentos do Alto Sertão Paraibano) executa em 17 assentamentos do alto sertão dentre eles estão três assentamentos de Cajazeiras: Santo Antonio, Frei Beda e Mãe Rainha e estes últimos estamos fazendo o Plano de Desenvolvimento do Assentamento - PDA. O roteiro do PDA pede informações sobre cultura no que se refere aos traços culturais. Estive na secretaria municipal de cultura e pouca informação obtive e gostaria se possível você me ajudar a identificar sobre os traços culturais relevantes de Cajazeiras bem como quem foram e são os personagens que fez ou faz história a partir da cultura.
Adorei receber o e-mail sobre Zé do Norte.
Quero contar com seu apoio.
Atenciosamente,
Rita Maria Figueiredo de Sousa

sábado, 16 de outubro de 2010

Zé do Norte, um cajazeirense esquecido pelos seus conterrâneos.


Alfredo Ricardo do Nascimento, bem conhecido no meio musical como Zé do Norte, nasceu na cidade de Cajazeiras, Paraíba, em 18 de dezembro de 1908 e faleceu no Rio de Janeiro, em 02 de outubro de 1979. Foi um artista autodidata de origem humilde. A sua infância no interior paraibano ficou bem marcada em sua memória, quando ainda criança para sobreviver à dura realidade de sua época, pegou no pesado, trabalhou com sua família desde os nove anos arrastando o cabo de uma enxada na limpeza das roças. Depois foi catador de algodão e almocreve pelos sertões da Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e na cidade de Codó no Estado do Maranhão. Perdeu os pais aos 11 anos de idade, indo morar com um tio. Dois anos depois fugiu de casa, devido um desentendimento que culminou com uma briga. Foi cantor, compositor, poeta, escritor e folclorista. Nunca estudou música, mas desde pequeno admirava e gostava de acompanhar os cantadores de viola, chegando a viajar três a quatro léguas para assistir as cantorias. 
Na sua cidade natal, foi funcionário da limpeza do antigo Colégio Salesiano Padre Rolim, hoje Colégio Diocesano de Cajazeiras, onde mesmo propondo a direção daquele estabelecimento de ensino, trabalhar de graça para poder estudar, não foi aceito por que, conforme lembra, o então diretor daquele estabelecimento de ensino o informou que "aquele era um colégio exclusivo para pessoas de família".
“No Colégio Salesiano, minha função era varrer, limpar tudo. Mesmo assim, o Padre Gervásio Queiroga, Diretor na época, não quis me dar oportunidade. Pelo contrario, me discriminou, dizendo que estudar ali era pra menino rico. Fiquei muito triste, pois queria apenas estudar, como pagamento pelo meu trabalho”. Disse (amargurado) o compositor.
Sem não ter encontrado chances de obter educação formal, em 1921, aos 18 anos, saiu de Cajazeiras praticamente analfabeto com destino a Fortaleza-Ceará, para alistar-se no exército brasileiro. De lá foi para o Rio de Janeiro em 1926, onde acabou indo servir no I Regimento de Infantaria da Vila Militar. Depois se formou em Enfermagem.
No Rio, Zé do Norte surge no panorama musical quando foi descoberto por Rubens de Assis e pelo dramaturgo Juraci Camargo, ao saber através de amigos, da embolada “Errou o Tiro”, convidou o artista para atuar em um show na Feira de Amostra do Rio de Janeiro. 
Zé do Norte, que no evento trabalhava como fiscal da feira, cantou para uma platéia de 20 mil pessoas, que vibraram pedindo para que o mesmo repetisse diversas vezes à embolada “Errou o Tiro”, obtendo grande sucesso e agradando o público carioca e aos artistas presentes, chegando até receber um cachê pela apresentação.
Depois de mostrar seu talento na Feira de Amostras, em 1939, o artista que era conhecido como João Joca - seu primeiro nome artístico, acabou sendo levado por Lacy Martins, para a Rádio Tupi. Depois foi convidado pelos diretores para integrar o cast daquela rádio, onde mais tarde passou a apresentar o programa “Noite da Roça”, que foi responsável pelo lançamento de diversos artistas e no qual se apresentaram, entre outros, a dupla sertaneja Alvarenga e Ranchinho e Luz “Lua” Gonzaga, este ainda em começo de carreira. Um ano depois, em 1941, foi para a Rádio Transmissora Brasileira (atual Rádio Globo) onde participou dos programas, “Desligue, Faz Favor” e “Hora Sertaneja”.
Ao lado de outros iniciantes da música nordestina, Zé do Norte viu surgir a grande oportunidade de afirmação de seu talento, tendo nesse período de 1928 e até o final da década de 50 tido intensa participação na difusão da cultura e do cantar nordestino na antiga capital federal.
Zé do Norte só voltou a sua terra em 15 de setembro de 1985, quase 60 anos depois, para ser homenageado como patrono do IX Festival de Arte da Paraíba, que naquele ano era realizado em Cajazeiras. Quase desapercebido, em função do evento ter sido realizado três meses antes das comemorações natalinas.
Durante a semana do festival algumas atividades foram feitas na cidade para marcar aquela que seria a data de 90 anos de Alfredo Ricardo do Nascimento e a comemoração do seu retorno a cajazeiras. Para os que acompanharam a programação do evento, uma pergunta carregada de curiosidade calou a boca de muita gente. Quem seria ele? Mesmo que dissessem se tratar de Zé do Norte, outros tantos perguntariam, quem é, que importância ele teria para receber tal honraria?
“Ser chamada a Cajazeiras como patrono do IX Festival de Arte da Paraíba é a maior alegria de toda a minha vida. Quando recebi a notícia, passei uma meia hora sentado. Sem sequer conseguir me levantar de tanta emoção. Pensei até que o coração fosse parar, principalmente por me encontrar convalescendo de uma efisema recente.” Afirmou o compositor.
Na sua minúscula produção literária, porém grande na importância que foi no conjunto para a contribuição do conhecimento da música e da cultura regional nordestina. Zé no Norte deixou três livros publicados. O primeiro, lançado em 1948, no Rio de Janeiro pela Asa Artes Gráfica, com o título Brasil Sertanejo, traz em seu conteúdo, histórias, curiosidades, cantigas, mentiras e anedotas, poemas e dialeto do universo cultural do sertão do nordeste. O segundo foi “O lobisomem de Cajazeiras", que na época não passou pelo crivo oficial dos conselhos editoriais vigentes livro esse que segundo comentários feitos na imprensa carioca, teria sido plagiado em textos teatrais e novelas de TV, com nome de outros autores. O livro só foi editado em 1985, no Rio, juntamente com o terceiro livro, “Memórias de Zé do Norte”, trabalho biográfico que fala de suas memórias no rádio e na música brasileira. Quando era perguntado sobre a imitação do seu romance “Lobisomem de Cajazeiras” em produções de teatro e televisão (como foi o caso da novela Saramandaia e a mini-série O Bem Amado - Rede Globo), ele sempre foi cauteloso na resposta, não preferindo afirmar nada, mas também não desmentia. Dizia apenas que um dia a verdade chegaria à tona.

O PRIMEIRO JOGO DE FUTEBOL ENTRE BRASILEIROS E ESTRANGEIROS QUE VI EM PLENO SERTÃO


De 1921 para 1922, instalou-se no polígono das secas do Nordeste a Comissão Mista Americana, para construir açudes naquela região. Entre muitos projetados estavam: Boqueirão de Piranhas, São Gonçalo, Curema e Pilões, todos na Paraíba. A verba foi de seiscentos mil contos de réis, que só deu para a construção de casas , uma igreja católica e outra protestante, fábrica de gelo e sondagens. Tudo foi preparado para dar conforto e bem-estar para todos os participantes da Comissão, que era composta de pretos e brancos, americanos, ingleses alemães, holandeses e a maioria de africanos. Foram iniciadas as obras de Boqueirão e São Gonçalo. Uma frota de caminhões GMC transportava toda a maquinaria e material em geral. Em Lavras de Mangabeira, desembarcava o que vinha de trem da capital cearense; outra parte vinha do Recife e Cabedelo. Boqueirão e São Gonçalo ficam entre Cajazeiras e Sousa. Eu fui empregado na casa de Mister Jack Jones, ganhando dez mil réis por semana, para fazer mandados externos, e ligar a chave da bomba de puxar água, dar banho nos cachorros e brincar com as crianças. No princípio era uma tortura, porque eu não entendia a língua deles, nem eles me entendiam, Dona Cristina, esposa de Mister Jones, era uma jóia de criatura, me tratava com todo o carinho. Eu não sei se era porque era sardento aloirado, igual a seus filhos, ou se era porque eu fazia tudo que ela mandava na maior rapidez. Ela me trava de mai boi. Até hoje eu sinto não ter ido embora com eles para a Inglaterra. Mas deixemos esse assunto para lá e vamos ao caso do jogo de futebol de Cajazeiras. Naquele tempo, havia três times em Cajazeiras: o Centenário, com as cores do Fluminense, o Ipiranga com as cores do América, e o Pitaguara, com as cores do Botafogo.
FORMAÇÃO DOS TIMES
Em Boqueirão e São Gonçalo, o pessoal da construção também tinha seus times e por isso foi combinado um jogo amistoso, entre brasileiros e americanos. O jogo foi marcado para um dia de domingo em Cajazeiras. O campo existente não servia, porque era pedregoso e acidentado. Construíram outro campo a meia légua fora da cidade, e com sua extensão maior que o Maracanã.
O jogo seria quase de caráter internacional; racionalmente era, porque nossos jogadores eram todos brasileiros, e os deles, estrangeiros. Conheciam futebol e suas regras, portanto eram superiores, e logicamente seríamos derrotados. Zé lira, além de jogador, era o treinador e o organizador. Por isso, resolveu tomar emprestados alguns jogadores à outra cidade, pra formar um escrete à altura de enfrentar os estrangeiros. O escrete sertanejo, chamado de brasileiro, estava pronto e o jogo seria a 7 de setembro, dia da Independência; o time treinava todos os dia: “Temos que jogar para ganhar”, era o convicção de todos.
FORMAÇÃO DOS TIMES
Uma tarde a turma estava treinando e assisti quando a bola caiu ao lado do gol, onde estava um cidadão, que apanhando a bola com o pé e chutando, como se soubesse jogar futebol, chamou a atenção de Zé Lira, que imediatamente se dirigiu ao mesmo e perguntou:
- O senhor sabe jogar futebol?
- Já joguei.
- De onde é o senhor?
- Sou do Rio de Janeiro. Sou mecânico e vim trabalhar com a comissão americana, mas não me dei bem e vou voltar pra minha terra.
- O senhor quer dar um treino com a gente, agora mesmo?
O treinador lhe deu um calção e um par de chuteiras de outro jogador, e ele entrou em campo.
Assim que apanhou a bola, driblou todo mundo e fez o gol. A turma endoidou com o rapaz, que acabou sendo carregado nos braços até o centro da cidade, onde ficou hospedado na sede do Pitaguara. Mandaram logo o alfaiate, Mestre Enéas, vesti-lo com roupa nova e o empregaram logo mecânico. Não me lembro seu nome, porém sei que foi apelidado de Pita, que, com esse nome, ganhou a fama e tornou o maior jogador do tal escrete brasileiro.
O JOGO
No dia do jogo, o campo estava enfeitado por todos os lados. Em volta, havia um toldo de lona, que abrigava o povo, as comidas e as bebidas, que eram demais. Uísque, conhaque, cervejas e vinho do Porto e conservas de toda espécie, tudo de origem estrangeira, exceto a carne, de mais de dez bois, para o povo comer de graça; tudo por conta da verba de seiscentos mil contos de reis. O povo nunca tinha visto uma festa tão rica! A frota de caminhões GMC transportava gente de todas as cidades adjacentes.
- Êta, bicho rico danado é americano, hein, compadre! Isto é que é festa, a gente come e bebe e os gringos é quem paga!
A turma gostava de comer e beber de graça, somo Santos Bezerra, Severino Riachão, Higino, Apolinário e muitos outros. Beberam uísque e conhaque, cerveja e vinho, perguntavam um para o outro:
- Quê tu acha do tal uísque?
Respondeu o outro:
- É bom que é danado, mas tem um gosto de mijo de bode, da peste.
- E o tal de sovete de gelo?
- Que gelo, que sovete, que nada, rapaz, isso é vidro americano moído, misturado com água e leite de coco! Mas como tudo é de graça, vamo bebê e bancá o americano também!
A festividade estava parecendo um dia de jogo da Seleção Brasileira com outra estrangeira. As bandeiras hasteadas e a banda de música tocando o Hino Nacional Brasileiro e o Americano.
Começou o jogo. Os jogadores americanos, de capacete de couro, causaram grande admiração nos matutos, que perguntavam uns para os outros:
- Pra quê queles bota aquela casca de coco na cabeça? Será que mandiga pru-mode ganhá o jogo?
Os brasileiros, no meio dos tais americanos, pareciam galos garnisés, lutando contra dez galos de raça.. o jogador Pita, logo de saída, levou um pontapé tão violento no buzanfã (bunda), que subiu um metro, para cair, igual a jenipapo maduro. Aí um brasileiro gritou:
- Tenha vergonha gringo da peste, safado, fio da peste!
A diferença era grande fisicamente, mesmo assim o Pita, no meio deles, parecia mais um tico-tico no fubá. E aproveitando a altura deles, chegou a passar por das pernas de um. Teve uma hora que houve um ataque em massa, por parte dos americanos, e alguém gritou:
- Eita cu de boi danado!
O primeiro tempo terminou zero a zero, e o povo invadiu o campo querendo pegar o jogador que deu o pontapé no Pita, mas a polícia não deixou.
Durante o intervalo os jogadores estrangeiros, para se refrescarem estavam passando gelo na cabeça.. Higino Apolinário gritou pra um jogador que estava perto dele:
Num faz isso não, moço, que você estupora!
O americano se aborreceu e um soco na cara dele, dizendo:
- Gademe Fox iu...
- Eleodoro barbeiro, levantando-se, disse rindo:
- Bem feito, tu qué falá americano sem sabê...
- Mas eu não falei americano com ele, disse apenas que podia estuporá...
- E tu sabe lá se essa palavra estuporá, num qué dizê nome feio na terra dele?
O segundo tempo começou. Os jogadores estrangeiros estavam quase todos puxando fogo (bêbados) e corriam mai do que emas nas várzeas. O jogador Pita era mais marcado e perseguido, mesmo assim conseguiu se livrar, driblar todos com bola e tudo, fazendo o gol da vitória dos brasileiros. Aí começou a tribuzana e o pau quebrou. As mulheres e crianças corriam por dentro do mato, gritando e rasgando as roupas, que dava a impressão do estouro de uma boiada correndo, com medo do fogo. Eu, que havia comido mais do que filho de ladrão quando o pai está solto, estava trepado nos galhos de uma árvore e fiquei até o fim, observando. O povo corria no caminho da cidade, fugindo do tiroteio, que apenas era intimidar, e felizmente não houve feridos. A não ser aqueles que me machucaram, correndo por dentro do mato.os estrangeiros, como se não tivesse havido nada, continuaram comento e bebendo, na maior alegria, como se tivessem ganho o jogo. Eu e uma turma de meninos, que nunca havíamos tomado sorvete nem comigo gelo, que a gente chamava de água dura, ficamos de bucho cheio, que não dava pra meter o delo na goela e vomitar.
E foi assim que terminou a festa e o jogo entre brasileiros de Cajazeiras e os estrangeiros da Comissão Mista America, que trabalhavam na construção do açudes de Boqueirão e São Gonçalo, na Paraíba. Para dizer a verdade, foi um jogo de arrancar rabo, mas que foi divertido, foi!