por Francisco Frassales Cartaxo
Quando a mídia divulgou conversas reservadas do se- nador Demóstenes Torres (DEM-GO) foi um espanto. Não é possível! O senador-promotor? Isso mesmo. Aquele de careca reluzente que se firmou no cenário nacional como paladino da ética neste mar de trapaças envolvendo homens públicos, em conluio com empresários, inclusive com os que exploram jogos ilegais.
Curioso, pesquisei na internet a respeito da vida do senador Demóstenes Lázaro Xavier Torres, a começar pelo seu próprio blog. Nascido no interior goiano, em 1961, já advogado, ele foi aprovado em dois concursos públicos: delegado de polícia e procurador. Optou pela procuradoria. Promotor, secretário estadual de segurança, procurador-geral de Justiça, presidente do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Justiça foram cargos ocupados pelo ilustre cidadão. Eleito senador em 2002, tornou-se figura de relevo, graças à atuação destemida contra a corrupção, “caixa dois”, desvio de conduta de políticos. O olhar firme da câmera da TV, acusador implacável, estribado na condição de procurador licenciado, parecia uma vestal da antiga UDN, embora sem a cultura, a eloquência, o vozeirão de um Carlos Lacerda ou de um Ernani Sátyro, por exemplo.
A curiosidade em conhecer um pouco mais sua trajetória resultou numa tremenda frustração. Virei e revirei sítios da internet, consultei um amigo, assessor parlamentar em Brasília, esquadrinhador de leis, projetos, relatórios, essas coisas. E da vida de políticos, também. E aí, perguntei a ele, o senador-procurador fez curso de ator? A resposta foi direta. Não, não consta em seu currículo nada parecido. Nem curso de ator de teatro, cinema ou televisão. Muito menos experiência prática. Quer dizer, a experiência teatral ele adquiriu no senado, aqui em Brasília, disse meu amigo, às gargalhadas, e completou: agora a máscara caiu. De reluzente, fica-lhe apenas a careca...
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