Em tempos de Inacim, onde
comunidades de cajazeirenses espalhadas em diversos locais da federação,
vislumbrantemente, batem no copo, no peito e orgulhosamente regozijam, aplaudem
a iniciativa de um grande feito para a história da dramaturgia e sua cidade; ou
até então, sem nenhum pudor, parecem jogar nas gavetas empoeiradas do
esquecimento, os legados que em épocas adversas, os primórdios tão bem fizeram
pela arte e pela cultura da terra de Padre Rolim. Será que no futuro não
saberemos mais entender ou codificar o significado da criação artística dos que
vieram antes de nós e para justificar enaltecemos o aqui e agora.
A amnésia não pode apagar da
história aquilo que a própria história foi testemunha ocular. Uma aldeia não
deve riscar do mapa a trajetória feita pelos seus agentes culturais -
ancestrais, pois os caminhos traçados - muitas vezes tortuosos a exaustão,
servirão de exemplos para as gerações futuras. Ai vem uma pergunta: Porque
Cajazeiras e seu povo costumam ser um divisor de águas quando se quer,
festivamente, homenagear aqueles que fizeram algo importante pela sua cultura.
Porque esquece tão fácil o legado deixado por estes artistas.
Será que Zé do Norte morreu
feliz, quando na década de 80, já doente e esquecido no Retiro dos Artistas, no
Rio, recebeu a tardia visita de representantes de sua terra, convidando-o,
depois de velho para retornar a Cajazeiras e receber as honrarias em um
Festival de Arte. Será que não foi difícil voltar a uma cidade que a ele negou
quase tudo, até mesmo a oportunidade de aprender a ler e escrever. A diferença
que há entre Zé do Norte e Sávio Rolim e os demais destacados personagens da
arte cajazeirense hoje, é que vieram de baixo e fizeram arte em preto e branco,
portanto, não são merecedores de aplausos e nem de pomposas medalhas
acompanhadas de foguetões para marcar o feito.
Cajazeiras não pode, não deve
apagar e jamais esquecer os artistas que no passado, sem nenhum incentivo,
arregaçaram as mangas e em retiradas fugiram para o estrelato. Eles não
receberam benesses de nenhum governo para fazer a sua arte. Foi assim com
Marcelia Cartaxo, Bá Freire, Sávio Rolim e outros, que nos dias de hoje os
cajazeirados não referenciam, não sabem dizer o que estão fazendo, se são estão
vivos ou mortos.
Sávio Rolim, através do seu
esforço, aos 14 anos já era ator consagrado de teatro e cinema. Nas telas
destacou-se interpretando o personagem Carlinhos - papel principal do filme
Menino de Engenho. Participou ainda de vários documentários no apogeu do cinema
novo e fez parte de filmes como Vidas Secas, O Leão do Norte, Bonitinha mais
ordinária, Memória do Cárcere. Foi premiado em festivais pelo Brasil a fora e
até em Portugal. Mas na década de 80, em Cajazeiras, na estréia do Filme
"O Leão do Norte" no Cine Apolo XI, passou por um constrangimento
quando na porta do cinema não foi reconhecido pelos cinéfilos presentes, como
um dos atores do filme.
Zé do Norte, por exemplo, nunca
fez show na cidade. O povo de Cajazeiras conhecia e escutava no “Forró do
Varandão” (programa musical de uma das rádios local) as suas músicas, mas não
sabia que elas eram de sua autoria. Uma prova da desinformação que a cidade e
seu povo tinham do artista e sua obra. Diferente de cidades como Salvador,
Campina Grande e Aracajú, que fizeram questão de mandar fazer e colocar em
praça pública, esculturas gigantes, em bronze, para referenciar os seus
artistas.
Zé do Norte e Sávio Rolim - em
vida, bem que mereciam terem suas réplicas em bronze na entrada da cidade. Não
só pelo conjunto de suas obras realizadas, mas pelo direito de serem
cajazeirenses e terem gravado o nome da cidade no universo artístico nacional.
Blog: cajazeirasdeamor.blogspot.com, por Cleudimar Ferreira
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste artigo foi escrito e publicado no blog: cajazeirasdeamor.blogspot.com, por Cleudimar Ferreira em 4 de fevereiro de 2011.
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