Nas escolas da vida, geralmente as pessoas elegem aqueles que se destacam no modo de
agir para com elas, lhes fazendo o bem e sempre levam ao conhecimento de
terceiros em forma de elogios, os benefícios recebidos. Por outro lado, deveria
haver no currículo do calendário escolar, uma disciplina que fizesse lembrar as
gerações do presente e do futuro, os feitos daqueles que foram destaques no
cenário político, ético, social e religioso em um Estado da Federação ou do País
onde nasceu. Quantas vezes ouvimos falar no nome de pessoas dado a uma rua ou
avenida e não sabemos nada a respeito do homenageado, cuja designação está em
uma placa naquele logradouro público. Acontecendo o mesmo com nomes que são
dados a sala de aula, edifícios, galerias etc. Ruy Carneiro, por exemplo, muitos
sabem apenas que ele foi Senador,no entanto não foi somente isso, ele foi um
político versado na ética e na arte da política, se vivo estivesse iria
completar no dia 20 deste mês de Agosto, 106 Anos. Nos dias de hoje, os
sinônimos menores que se possa pensar ou falar de um político são: desonestos,
ladrões, corruptos, mensaleiros e muitos outros designativos que coloca a classe
política no fundo do poço. Os constantes escândalos que avassalam o Congresso
Nacional (alta e baixa), casas Legislativas, o Poder Central e por extensão
chegando até os Governos de Estado, Deputados, Prefeitos e edis mirins, são
fatos que a Imprensa brasileira vem denunciando dia a dia nessa Nação. È claro
que ainda mesmo sendo minoria existem políticos bons, mas o brado deles o efeito
é de ouvido de mercador. Em um artigo sob o título “Aos Homens de Bem” que me
foi enviado pelo radialista e advogado Ubiratan Lustosa lá do Paraná, em
determinado trecho ele diz o seguinte: “Hoje em dia, estudam-se as leis para
aprender as chicanas, evita-se assinar para não precisar responder pela
assinatura, e a palavra – da qual tanto são pródigos – cada vez se emprega mais
e vale menos”, no final ele conclama os homens de bem, para que se mantenham
firmes em seus princípios e arremata: “Só com a união e mobilização dos homens
sérios, dignos e decentes é que o bem continuará se sobrepondo ao mal”. Durante
as comemorações do Centenário de nascimento do Senador Rui Carneiro em 2001,
Carneiro Arnaud, ex-prefeito de João Pessoa, declarou duas qualidades
fundamentais de seu tio Ruy Carneiro: “Lealdade e seriedade”, enfatizando que
Ruy foi sempre leal com os partidos e partidário, nunca dando as costas para os
verdadeiros amigos, situação rara na atual conjuntura política brasileira, onde
a troca de legendas tornou-se um fato corriqueiro. A Maneira como Ruy Carneiro
se envolveu com os humildes, fez com que exercesse sobre eles uma liderança
incontestável através de anos em que depois que foi para o Senado da República
sempre foi vitorioso e pela virtude das ações de cunho social, ficou conhecido
como “Escravo Branco da Paraíba”, pelo fato de sempre acolher os seus
conterrâneos, onde quer que eles estivessem. No Rio de Janeiro, na Paraíba ou no
Mato Grosso. Certa feita ele foi buscar uma família que estava sendo mantida em
regime de trabalho escravo em uma fazenda. Os primeiros estudos do senador Ruy
Carneiro foram em Pombal e Catolé do Rocha, o secundário em Patos, Cajazeiras e
João Pessoa. Formou-se em direito pela Faculdade de Recife. Foi nomeado por
Getúlio Vargas, Interventor da Paraíba e assumiu o Governo no dia 16 de agosto
de 1940. Foi fundador do Partido Social Democrático (PSD) em 1946. Com a
extinção dos Partidos políticos em 1964 criou o MDB (Movimento Democrático
Brasileiro), atualmente PMDB. Outra marca de Ruy Carneiro na história política
brasileira foi a sua permanência na direção partidária, 31 anos de liderança
exercendo a presidência do partido até seu falecimento em 1977. Um fato curioso
que chama atenção foi quando Ruy Carneiro era interventor na Paraíba. Conclamou
os paraibanos de uma forma direta ou indireta participarem da II Guerra Mundial,
promovendo campanha para a FEB – Força Expedicionária Brasileira; contribuíam
com dinheiro (era a campanha do tostão), agasalhos, cobertores, roupas etc. A
Cruzada Nacional, telegrafou ao interventor Ruy Carneiro, agradecendo o “Bônus
de Guerra”, enviado pela Paraíba. A primeira vitória dos países aliados foi a
libertação de Bayeux, cidade da França. A Paraíba por sugestão dos Diários
Associados, para homenagear aos combatentes dos Estados Unidos, mudou o nome de
Barreiras para Bayeux. O Governo De Gaulle, enviou uma mensagem ao Dr. Ruy
Carneiro: “Quero exprimir a Vossa Excelência e pelo seu intermédio a Grande
Nação Brasileira, os sentimentos de gratidão da cidade de Bayuex e da Nação
Francesa profundamente tocadas pela fraternal amizade de sua iniciativa”.
Chanceler Massigli – Ministro do Interior da França Livre. Os Jornais e a BBC de
Londres, anunciaram o fato com grande destaque. O Embaixador da França – Jules
François, em telegrama agradeceu: “Os filhos de Bayeux, da gloriosa Paraíba,
onde sempre pulsaram os mais vibrantes sentimentos de liberdade, são todos
defensores dos princípios inspiradores da cultura e da civilização. Bayeux
cidade paraibana, é o símbolo de libertação que permanecerá nas plagas
brasileiras como roteiro para os homens de bem”. Ficou na Paraíba, a presença
simbólica da França”. Ruy Carneiro, exerceu um governo liberal, democrático,
pluralista. Reorganizou a administração, normalizando o pagamento dos
funcionários, criou o DSP Departamento do Serviço Público. Inaugurou o Manicômio
Judiciário, a Colônia de Mangabeira, Estação Termal de Brejo das Freiras, Centro
de Reabilitação para as mulheres delinqüentes e inúmeras outras obras, dentre
elas, a construção do Mercado Público de Pombal. Ao transmitir o cargo em 20 de
outubro de 1945, ao Dr. Samuel Duarte, oportunidade em que assinou o Projeto da
Nova Carta Política do Estado, Ruy Carneiro proclamou aos paraibanos: “Outros
poderão ter servido, e muitos outros servirão ainda a nossa terra, com brilho e
mais sabedoria do que eu. Nenhum porém, a terá servido ou virá servi-la com
maior carinho, maior devotamento e o mais rigoroso sentido de honestidade”. Os
cento e seis anos do grande líder popular no dia 20 deste mês que tinha a sua
maneira de comandar, é um desafio a classe política dos dias de hoje tão
estremecida e abalada com os acontecimentos que mancham o nome dessa classe. Ruy
Carneiro, exemplo de civismo; inspirar-se nesse civismo é saber eleger para si e
para os outros o bem estar de todos. Para o Deputado Federal e ex-governador da
Paraíba, Ronaldo da Cunha Lima, conviver com Ruy Carneiro foi um privilégio que
o destino lhe ofereceu, “guardo dele atitudes dignas e corajosas” e que segundo
Ronaldo, na política tenta, a todo custo, perseguir os exemplos de Ruy Carneiro.
Como se não bastasse tudo isso, foi Ruy Carneiro quando chefe de gabinete do
então Ministro da Aviação e Obras Públicas José Américo de Almeida, em 1932, que
induziu o médico e compositor Joubert de Carvalho a compor a canção Maringá
vindo anos depois servir de inspiração que deu o nome a uma cidade no Paraná.
Dele disse o seu sobrinho Desembargador Rafael Carneiro Arnaud: “Ruy era dono de
um carisma irrestível e se constituiu num símbolo das virtudes políticas de
todos os paraibanos conscientes, que jamais lhe negaram o apoio e a confiança,
consagrando-o como seu grande líder e leal condutor dos seus ideais políticos”
Em Pombal as homenagens por ocasião do Centenário do Senador, a administração do
Grupo Claudino do Armazém Paraíba, pois uma placa no imóvel onde hoje funciona
uma de suas lojas, com a seguinte mensagem: “Nesta casa nasceu no dia 20 de
agosto de 1901, o grande filho desta terra, o Senador Ruy Carneiro.” Outra
homenagem prestada a Ruy Carneiro em Pombal é o Hospital Distrital que leva o
seu nome pertencente a rede de Hospitais do Governo do Estado. Ruy Carneiro
Entra para a história política brasileira como único parlamentar a ser eleito
quatro vezes consecutiva para o Senado, em eleição direta. 1950, 1958, 1966 e
1974. Ficou ainda mais conhecido e lembrado por todos pela célebre frase: “FORTE
É O POVO”. CLEMILDO BRUNET *RADIALISTA
CONTATO: brunetcomunicador@hotmail.com
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