Autor do lançamento entre Constantino Jr. e o colunista Frassales. |
por
Francisco Frassales Cartaxo
O
lançamento em João Pessoa do livro de Nonato Guedes, A Fala do Poder,
supervisionado pelo publicitário Carlos Roberto de Oliveira, foi uma festa
povoada de jornalistas, intelectuais, políticos, artistas e amigos, como é
costume nessas ocasiões. E de cajazeirenses, é claro, sendo o autor um
conterrâneo de quem muito nos orgulhamos, pela trajetória profissional de
equilíbrio e seriedade. Equilíbrio e seriedade que esteve presente nas palavras
do ex-senador Marcondes Gadelha, responsável pelo prefácio do livro. O mesmo
não posso dizer da manifestação de outro orador da festa de Nonato, Gilvan
Freire, que alinhavou um resumo do livro, a ponto de alguém, atento a sua fala,
sussurrar ao vizinho: “assim ele vai terminar revelando o final do enredo”...
Até
aí, nada demais. Talvez tenha sido a forma de o ilustre filho das Espinharas
contribuir para fechar o círculo do congraçamento sertanejo, simbolicamente
representado pelos três personagens das cidades mais importantes do sertão
paraibano: Patos, Sousa e Cajazeiras. Mas Gilvan Freire escorregou na sua
própria loquacidade. Com duas ou três frases, nascidas de avaliação subjetiva,
arranhou a memória de Ivan Bichara Sobreira, um homem de bem, ao insinuar que,
na época de sua eleição indireta para governador residia no Rio de Janeiro e,
de férias na Paraíba, passara em frente ao Palácio da Redenção e entrou como por
acaso. Seria quase um intruso. O
discurso de posse de Ivan, a partir dessa enviesada leitura, assumiria a feição
de peça insignificante. O senhor Gilvan Freire talvez não se tenha dado conta
de que tal referência embute uma sutil agressão. Os cajazeirenses, que o
ouviram com educada atenção, assim perceberam. E anotaram-na como gesto
deselegante, sobretudo por que o praticou na festa Nonato Guedes, um conterrâneo
de Ivan Bichara.
E
mais do que isso. O senhor Freire agrediu os fatos. Quem acompanha a história
paraibana, seja personagem, especialista ou mero curioso, sabe que na
trajetória política, intelectual e de homem de jornal, Ivan Bichara sempre teve
conduta em perfeita sintonia com a sua personalidade, cujos traços definidores
mais salientes passam pela modéstia, pela simplicidade, pela aversão à bravata,
ao gesto tonitruante, à fanfarronice. Talvez tenha faltado ao ilustre
ex-deputado de Patos maior acuidade para enxergar nas qualidades de Ivan, em
seu estilo conciliador de democrata, seguidor fiel de José Américo de Almeida,
o perfil adequado para desempenhar o papel reservado aos governadores nomeados
naquela safra do processo, então já deslanchado, de abertura política “lenta,
segura e gradual”, traçado pelo general-presidente Ernesto Geisel, respaldado
nos estudos de Golbery do Couto e Silva.
Era
meu propósito falar da festa, tão somente da festa de Nonato Guedes, mas a
inoportuna tentativa de menoscabar um ícone da terra do padre Rolim, desviou
meu roteiro para o registro dessa pequena nódoa em meio à exaltação do
jornalista, uma das vaidades de Cajazeiras. A respeito do livro, escreverei
mais adiante, após leitura que pretendo fazer com calma e olhar crítico.
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