domingo, 3 de junho de 2012

Cartaxo rebate críticas de Gilvan a Ivan Bichara

Da Redação

O ex-secretário de Planejamento da Paraíba, Francisco Cartaxo Rolim (Frassales), atualmente radicado no Recife, considerou intempestivas e improcedentes as críticas feitas pelo ex-deputado Gilvan Freire à administração de Ivan Bichara Sobreira como governador da Paraíba, empossado em março de 1975, por indicação dos militares que assumiram o poder com o movimento de 64. No discurso de apresentação do livro “A Fala do Poder”, do jornalista Nonato Guedes, no último dia 29, na Livraria do Luiz em João Pessoa, Gilvan considerou apática a gestão de Bichara e apontou falta de conteúdo no discurso de posse que ele proferiu, cuja íntegra está retratada no livro. Para Cartaxo, Ivan, que era natural de Cajazeiras, teve atuação equilibrada à frente do Executivo estadual e deixou um saldo operoso de realizações. Ele achou ‘gratuita’ e ‘facciosa’ a avaliação feita por Gilvan perante o público presente no lançamento.

Cartaxo chegou ao evento, procedente do Recife, quando Freire avançava na sua alocução de improviso, sucedendo ao discurso do ex-senador Marcondes Gadelha, prefaciador da obra. A Livraria do Luiz estava completamente lotada, e o ex-secretário de Planejamento ouviu trechos do pronunciamento de Gilvan. Já no final da cerimônia, em contato com o próprio Nonato Guedes, o economista e escritor deixou registrado o seu protesto diante das observações de Freire, que havia se retirado do recinto. “Participei da administração de um homem público íntegro, que honrou as tradições políticas da Paraíba. Não há nenhuma justificativa para a crítica feita a ele e ao seu governo”, desabafou em conversa com Nonato Guedes, manifestando disposição de polemizar com o ex-deputado, em qualquer ocasião, acerca do assunto. Por sua vez, Gilvan expressou ao jornalista que mantém o seu ponto de vista, e lembrou que o governo de Bichara era apelidado de “tarde fria”, supostamente por não ter tido brilho em comparação com antecessores e sucessores. Ivan sucedeu a Ernani Sátyro e foi candidato a senador em 78, tendo sido derrotado por Humberto Lucena, que contou com a ajuda de duas sublegendas. Antes de ocupar o governo, havia tido atuação parlamentar, tendo presidido a Assembleia Legislativa na década de 50. Foi, também, deputado federal, e após a derrota ao Senado, abandonou a vida pública, limitando-se a acompanhar, à distância, os fatos em evidência no Estado.

Nonato descreve o ex-governador como homem reservado, de indisfarçável timidez e executor de uma administração ética e operosa. “O espírito sereno – diz o jornalista – foi confundido, sobretudo pelos adversários, com falta de pulso ou de autoridade, mas Ivan surpreendeu a todos pela visão administrativa decorrente do conhecimento que tinha dos problemas”. Comentando a polêmica travada entre Cartaxo e Gilvan Freire, Nonato ressaltou: “É o exercício do contraditório. O livro, aliás, teve justamente a preocupação de suscitar avaliações de quem quer que seja, de forma absolutamente democrática”. Ivan Bichara criou a PB-TUR e restaurou o concurso público para admissão nos quadros do Estado. O jornalista José Souto, em perfil a respeito de Ivan, observa que ele não sangrou o erário com propaganda orgiástica para difusão do culto à personalidade. O depoimento de Souto está transcrito no livro de Guedes, bem como a autoanálise do ex-governador, afirmando que não improvisou à frente do cargo e dando como exemplo que seis meses antes da posse abandonou atividades no Rio de Janeiro e procurou organizar uma equipe na Paraíba para formular um plano de governo viável e objetivo. Nonato pondera: “Sinceramente, acho salutar essa polêmica, porque traz luzes à sociedade paraibana. Acredito que outras versões contidas no livro possam ser contestadas, e acho esse exercício coerente com a proposta que me inspirou de estimular o contraponto de ideias”.

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