por Francisco Frassales Cartaxo
Dilma
Rousseff continua muito bem avaliada pela população. Seus índices de popularidade
revelados nas pesquisas superam os de Lula, exceto nas intenções de voto para
presidente. Isso é surpreendente. Por quê? Porque Lula tem o jeito do povão e
construiu enorme popularidade ao longo de sua vida, em particular, desde que
ajudou a consolidar o novo sindicalismo brasileiro, longe dos vícios dos
partidos comunistas. E Dilma? Antes disso, a jovem estudante esteve imersa na
luta armada clandestina. Ou na prisão, resistindo às torturas físicas e
psicológicas, firme em suas convicções políticas e ideológicas. Bem sei que nem
todos pensam assim. Há quem enxergue nela tão somente a terrorista, assaltante
de banco, assassina potencial, enfim, uma espécie de besta fera política.
Dilma
não possui os créditos inerentes à sofrida caminhada pessoal de Lula nem dispõe
do poder de sedução que ele usa com invejável competência. Ao contrário, de
temperamento reservado, com um jeito mandão de governar, ela chega a ser
ríspida, para desespero de auxiliares, senadores, deputados e até governadores
amigos. Apesar de tudo isso, Dilma segue com índices elevados de aceitação
popular, para seu governo e para ela, pes-soalmente.
Uma
coisa lhe é muito favorável. Dilma e a gestão Lula se confundem. Como ministra,
fez intervenções estratégicas no planejamento e na execução de programas
tendentes a mudar a vida das pessoas. Transformada na “mãe do PAC”, ela
comandou ações que lhe deram mais visibilidade e o controle da máquina pública
federal e, também, a chance de conhecer melhor as malícias da política.
Portanto, Dilma, presidente, não fez muito esforço para adaptar-se ao exercício
do mando. Já o vinha praticando sob o olhar orgulhoso do seu criador.
Isso
fundamenta o sucesso de Dilma, embora não explique tudo. Falta um ingrediente
essencial: o combate à corrupção. Assim parece à maioria dos brasileiros. Real
ou não, o povo enxerga na demissão de ministros suspeitos de desvios de conduta
uma diferença significativa em comparação com atitudes de Lula, visto como
muito complacente. Aí está um motivo forte a favor de Dilma. Ela consegue, pelo
menos até agora, passar a imagem de firmeza no combate à corrupção. Por isso, o
povo chega perto, a classe média aplaude, enfim, cresce sua popularidade,
conquanto não seja de sua índole dar tapinhas nas costas, abraços, manter papos
nostálgicos com antigos companheiros nos sindicatos, em assembleias partidárias
ou em reuniões de intelectuais e religiosos nos albores do PT.
Coisas assim,
não fazem parte da história pessoal de Dilma, forjada no arriscado
esconde-esconde da luta armada, buscando sobreviver. Sua proximidade com a
população, diferentemente de Lula, se dá pela confiança que ela inspira graças
a sua maneira de conduzir o País. A intuição das pessoas descobre em Dilma
afinidade com o sentimento do povo, avesso à corrupção. Resta saber se o
governo Dilma passará no teste da CPI de Carlinhos Cachoeira.
P S –
A luta pelo aeroporto exige resposta concreta. E rápida. Cajazeiras não aceita
desculpa amarela.
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