Brasões da família Rolim, Cartaxo e Coelho |
A
disputa política em Cajazeiras sempre foi ferrenha. De acordo com o escritor
Francisco Cartaxo, a história da cidade não registra confusões partidárias
sangrentas, salvo raríssimas exceções.
“A razoável calmaria política de
Cajazeiras remonta à sua formação baseada em um entrelaçamento familiar que
congregou na origem de três famílias principais (Rolim, Cartaxo e Coelho)”,
declarou o escritor. Os três sobrenomes estiveram juntos, ao longo de muitas
décadas, no comando da sociedade local.
Ao
longo da Era Vargas (1930/1945), novas lideranças foram surgindo de modo que,
quando Getúlio Vargas foi deposto, um novo arranjo político local se formou em
Cajazeiras, sob o manto dos dois partidos mais fortes do Brasil: UDN e PSD.
Entre 1988 e 2008 foram realizadas seis eleições municipais, nas quais só a de
1992 não foi vencida por um profissional de medicina.
Ao
longo dos 61 anos, dos 15 pleitos para prefeito, nove foram vencidos por
médicos, representando uma singularidade da política de Cajazeiras, cuja
explicação pode ser encontrada, entre outras razões, no papel clientelista
desempenhado pelos médicos, sempre em contato com a população carente de
cuidados permanentes com a saúde.
De
acordo com Cartaxo, a euforia democratizante pelo fim do regime militar, sacramentado
na Constituição de 1988, alterou o cenário político de Cajazeiras, por força da
criação de novos partidos políticos em ambiente de amplas liberdades e,
sobretudo, da redefinição nominal da histórica polaridade entre as duas
lideranças cristalizadas sob a ditadura: Francisco Rolim e Epitácio Leite (foto).
A
união de adversários também já foi vista na história política de Cajazeiras. E
quem mais utilizou essa tática foi Otacílio Jurema (foto). Nos anos recentes, a
aliança circunstancial mais importante se deu entre Chico Rolim e Epitácio
Leite, rivais ferrenhos ao longo de mais de 20 anos, que se aliaram em 1988.
Dentre
os acontecimentos recentes, três fatos ganham destaque.
O primeiro deles é o governo de Ivan Bichara que, embora não tenha ligação direta com os pleitos municipais, a escolha do cajazeirense Ivan Bichara Sobreira (foto) foi o acontecimento mais da história política de Cajazeiras. “Não tanto pela influência
eleitoral que exerceu no plano local, mas em virtude das ações
e investimentos realizados pelo seu governo ou conseguidos por intervenção
direta com o governador”, afirmou.
O
segundo acontecimento de destaque foi o atentado ao bispo Zacarias Rolim de
Moura (foto), em julho de 1975. Nessa data, a cidade foi abalada pela explosão de uma
bomba de fabricação caseira, pertencente à diocese de Cajazeiras. Duas pessoas
morreram dias depois e mais duas tiveram ferimentos graves que deixaram
sequelas físicas e emocionais permanentes.
O
escritor lembra que o artefato encontrava-se embaixo da poltrona onde o bispo
Zacarias costumava sentar-se para ver os filmes que ele mesmo selecionava. O
resultado das investigações, as quais foram iniciadas pelas Forças Armadas,
nunca foi divulgado. “Por isso, circulam muitas investigações em torno de
possíveis autores ou executores materiais do atentado”, explicou. A renúncia de
Léo Abreu (PSB), eleito em 2008 com 52,39% dos votos válidos, foi o terceiro e
mais recente acontecimento de destaque em Cajazeiras. O jovem prefeito, que
derrotou nas urnas o empresário Messias Filho, renunciou sem nenhuma motivação
política identificável, sem que houvesse fato público capaz de justificar o
gesto, conforme explicou Cartaxo. (Colaborou Valéria Sinésio)
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