sexta-feira, 8 de julho de 2011

Briga de galo em Cajazeiras


Até parece briga de galo. De galo velho contra galo novo. E também de galo não tão novo assim. Briga entre eles. Ora com um, ora com outro. O galo inexperiente cisca com força, risca o chão, abre as asas, faz que vai voar, balança a crista e as penas, canta alto, enfim, faz tudo para mostrar-se o dono do terreiro, onde chegou, sem aviso, no bico da cegonha dos encontros e desencontros da política cajazeirense, embalado na inusitada a renúncia do prefeito Léo Abreu.
Em frente ao terreiro, o galo velho espalha brasas junto à platéia. Sobe na pilha de processos só para ver melhor a rinha e, não contente com seu invejável posto de observação, armado sobre 25 mil votos, ainda desfila feito um pavão, mesmo sendo apenas um galo com juba de leão... Estica as pernas, deixando à mostra seus afiados esporões, sacode as asas, abre a calda furta-cor e goza a reação da plebe que, atenta, foca o olhar naquele monte de papeis (um dossiê?) comprometedores da ação de outro galo, não tão velho, burocraticamente empilhados, em contraste com a desarrumação deixada na prefeitura de Cajazeiras, antes de Léo descobrir-se sem tesão para administrá-la.
O galo não tão velho, mas afeito às rinhas daqui e de outras plagas, nunca aparece de crista baixa. Nem quando chegou, falando baixo, sem amor, sem paixão, à sombra de Epitácio. Adora desafios, em especial quando tentam barrá-lo na entrada no clube, aí esse galo não tão velho solta faísca pra todo lado, asas abertas, olhos mais abertos do que as asas: um olho na Justiça, outro fixo no terreiro. Um terreiro conhecido, ora, ora, quem foi rei nunca perde a majestade. Nem a sagacidade. Por isso, os pés do galo não tão velho ciscam cascas de banana para o lado do estreante, que, parte pra cima, coitado, o esporão ainda verde, o couro do pescoço mal depenado, sem sebo de carneiro, vulnerável à primeira bicada logo na preliminar do grande embate de 2012.
E nós, eleitores? Nós? Nós adoramos. Emoção 365 dias do ano, de janeiro a dezembro, com os pequenos intervalos das festas populares e uma ou outra comemo- ração familiar. Ou para um pesaroso velório. E assim mesmo... Lá esta- mos nós, na calçada, no bar, emcaminhadas ao nascer do sol ou à tar- dinha, no balde do Açude Grande, na torcida: quem xingou mais, quem puxou a briga, você ouviu no rádio? Tá no blog também, com foto e tudo. Aquela foto da pilha de processos, tá arretada...
A gente se diverte. E toma partido por um ou por outro, tal qual se faz em rinha de galo, mesmo que se trate de eleição. Eleição fundamental ao exercício da cidadania e a definição do rumo que queremos dar à cidade. Que precisamos dar a Cajazeiras.
Responda no sério. Esses galos brigam em nome de quê? Quais são os problemas de interesse coletivo que nossos galos preferidos ciscam para a platéia debater? Que entoam em seus cânticos de guerra? Afinal, eles brigam para realizar que projeto? Por enquanto, só consigo enxergar na rinha casca de banana, poeira para tapar nossos olhos.
Muito pouco para a Cajazeiras pulsante do século 21.


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