domingo, 1 de maio de 2011

SANTOS E ESTUDANTE: DUAS FORÇAS DO FUTEBOL DE CAJAZEIRAS EM 60

A cidade de Cajazeiras já teve várias equipes de futebol que participavam do campeonato local, na década de 60, e as que mais se destacavam eram o Santos de seu Sérgio David, o Estudante de seu Zé Gonçalves, o Botafogo de Edson Feitosa e o IBIS de Mimita. Além dessas equipes outras também participaram, como o Cajazeiras, o Centenário, o Duque de Caxias, entre outras.

O Estádio onde se realizava as partidas, era o Estádio Higino Pires Ferreira, que foi fundado em 10 de julho de 1948, com capacidade para cinco mil torcedores e tinha como proprietário o Atlético Cajazeirense. Dentro das dependências do Estádio, além de dois vestiários, tinha uma quadra de Futebol de Salão, hoje FUTSAL. No lado das arquibancadas tinha ainda duas cabines de rádio: uma da Rádio Alto Piranhas, que tinha como narrador Zeilto Trajano e outra da Difusora Rádio Cajazeiras, e Jucier Lima era o seu narrador.

Os comentaristas e repórteres de campo das referidas emissoras, ficavam sentados na parte interna do alambrado, que separava o campo dos torcedores. O comentarista da Rádio Alto Piranhas, Jota Gomes (Badin), ficava neste local, juntamente com os repórteres de campo Chagas Amaro e eu, Pereira Filho. O operador de som da Rádio Alto Piranhas, Jonhson Vilante, bem como o seu auxiliar Zé Gorete, também ficavam sentados neste no mesmo local. Tinha ainda o comentarista esportivo da Alto Piranhas, meu irmão Sales Pereira, que ficava sentado na parte superior dos vestiários.

Minha função era ir até os vestuários antes do início do jogo e pegar a escalação das equipes, e ainda os nomes dos jogadores e técnicos, que ficavam no banco de reservas. Com os nomes nas mãos, Zeilto Trajano, o narrador, passava o som para que eu anunciasse os nomes dos onze jogadores de cada equipe, que iniciaria o jogo. No decorrer da partida, quando era substituído um jogador, Zeilto me passava o som, novamente, e eu anunciava o nome do jogador que estava entrando. Ainda, no decorrer do jogo, eu fazia anotações importantes para que na segunda-feira, no programa Panorama Esportivo – que tinha como locutor meu irmão Erisvaldo Pereira – o comentarista Chagas Amaro usasse essas anotações para seu comentário do dia.

Entre vários clássicos realizados neste estádio, vou citar Santos e Estudante. Duas forças do futebol Cajazeirense, que protagonizavam uma grande paixão dos torcedores que lotavam o Estádio Higino Pires Ferreira, nas tardes de domingo.

Imaginemos o seguinte: tarde de sol quente, as três e meia da tarde, estádio já lotado com suas torcidas agitando suas bandeiras e tocando seus instrumentos de batucada; Elias do picolé com sua carrocinha dentro do estádio já vendendo picolé de côco, de cajá, de tamarindo, entre outros sabores, da Sorveteria de seu Walmô. Elias sempre gostava de fazer gaiatice para chamar a atenção dos fregueses e era parte do espetáculo que fazia a torcida agitar. Tinha ainda as pessoas da família de seu Antônio Rolim, que assistiam o jogo sentados em cima do muro da casa deles, que fazia divisa com o estádio. Neste local tinha uma árvore muito grande que dava sombra para o lado do estádio e para o lado da casa deles.

Do lado de fora muitos garotos não tinham dinheiro para comprar o ingresso e assistir ao jogo. Eles ficavam olhando pelos buracos do portão de saída, subiam nos postes que eram quase colados no muro lateral do estádio e no muro da parte de trás do referido estádio.


Santos

Estudante


Às 16 horas o trio de árbitro, que era composto por Tim de Assis e auxiliado por Pedro Revoltoso e Honório, já posicionados, aguardavam a entrada das equipes do Estudante e do Santos. O Estudante entra em campo com uniforme nas cores azul e branco, com listas verticais nas camisas e meiões, e o calção azul. O time do Estudante entrava em campo com o goleiro Francinaldo; na defesa Renê Moésia, Marcos Palmeira, Gedeão Palmeira e Alcides; no meio de campo: Mucuim e Airton; e no ataque: Nilbertson, Galego Diá, cabo Lima e Valber. O time do Santos entrava com uniforme nas cores preta e branca, com camisas pretas e listas brancas, e calção branco. Era formado pelo goleiro Jackson; Na defesa: Bão, Assiszim, Toinho e João Batista; no meio de campo: Teotônio e Fon Fon; no ataque: Blu, Teotônio, Perpétuo e Bil.


O juiz Tim dá início a partida e, no decorrer do jogo, os craques faziam jogadas mirabolantes, chutes em triangulações, chutões pra frente, chapéu no adversário, drible de arrodeio, cruzamentos nos escanteios, batiam as laterais, a falta na entrada da área e de repente, a torcida dá o grito de “gooooooool !” do Estudante, do atacante Galego Diá aos 45 minutos do primeiro tempo. Começa o segundo tempo e as jogadas continuam as mesmas. Bil, do Santos, sai correndo pela lateral do campo com a bola nos pés e seu pai Severino padeiro, colado e puxando o alambrado desesperado grita: “chuta, Bil meu fìi”, e Bil cruzou na área, e Perpétuo de cabeça faz a torcida gritar “goooooool !”, aos 32 minutos do segundo tempo. A partir desse momento é aberto o portão e a meninada que estava do lado de fora entra gritando e pulando de alegria por poder assistir os 13 minutos restantes. Essa era a hora do miserável, porque eles não tinham dinheiro e assim eram chamados pelos torcedores que tinham pago o ingresso. Aos 45 minutos do segundo tempo o juiz Tim apita e aponta para o centro do campo. Final de jogo. Estudante 1 X 1 Santos.

Repórteres das emissoras entram em campo para entrevistar os jogadores e neste momento o que se via no centro do campo é um emaranhado de fios dos microfones dos repórteres e seus operadores de som correndo pra lá e pra cá para desenrolar os fios.

PEREIRA FILHO

Radialista – Rádio Nacioal AM

Brasília – DF

jfilho@ebc.com.br


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