sexta-feira, 24 de junho de 2011

Nem toda vítima de bullying é um assassino em potencial, diz psicóloga

Dois casos de alunos mortos por colegas chocaram escolas do Nordeste. Há uma semana, Senado aprovou projeto de lei de combate ao bullying.

A morte de dois estudantes a facadas por colegas dentro da escola, um em Cajazeiras (PB) e o outro em Fortaleza (CE), na terça-feira (21), uma semana após o Senado aprovar o projeto de lei que obriga as escolas a prevenirem e combaterem o bullying, mostra que a evolução da violência nas escolas está chegando a casos extremos.Para especialistas em violência escolar, no entanto, nem toda vítima de bullying é um assassino em potencial.

O homicida
No crime da Paraíba, um aluno teria esfaqueado o colega por causa de uma relação deste com uma ex-namorada do suspeito. No Ceará, uma estudante disse que matou uma aluna porque era vítima de bullying praticado pela vítima e pela irmã gêmea dela. A Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza disse, em nota, que considera o caso um "fato isolado".

"As vítimas de bullying suportaram muito tempo os maus tratos dos colegas e a exclusão social e podem sofrer danos psíquicos que influenciam no seu desenvolvimento social", afirma a psicóloga Márcia Maranhão Limongi, autora da coleção de vídeos educativos "Bullying - Mal do século XXI na porta da sala de aula". "Apesar de os agressores serem vítimas de bullying, isso não é causa determinante para se tornarem assassinos. O que torna isso é uma combinação de vários fatores, sociais, de personalidade, ambientais e psicológicos que associados de uma forma diferente nesses indivíduos gera explosão de ódio e violência."

A vítima
Segundo ela, as vítimas que não sabem lidar com raiva e humilhação podem se tornar agressoras e reproduz esta violência em escala muito maior. "Elas vão nutrindo desejos de vingança e tendo reação violenta." Já outras vítimas podem praticar violência contra si mesmas em vez de atacar alguém, segundo a psicóloga.

Em entrevista ao 'Jornal Hoje', a psicóloga Luana Lira diz que a família também tem responsabilidade. “A questão da tolerância hoje em dia está muito menor. Está nascendo uma geração em que os pais querem compensar a ausência em casa dando tudo e sem dizendo não. As crianças estão crescendo sem vivenciar a frustração. Quando tem uma frustração, elas perdem o controle. Não tem mais o controle emocional para lidar com isso. A questão da tolerância está muito menor, levando com mais facilidade a agir com violência.”


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