O primeiro número do jornal data de abril (1953), o mesmo mês da morte, de Júlio Bandeira, dia 30. Tribuna do Sertão devia ser mantida pelos amigos, mercê dos anúncios inseridos em suas quatro páginas. Penso que a existência da TS não mereceu maior atenção panegírica, talvez pela sua curta vida, 4 ou 5 números, como especulei em artigo no Gazeta do Alto Piranhas, (nº 395, 07 a 13/07/2006), ao remexer velhos papeis para subsidiar meu último livro. Acho que nem Júlio guardou exemplares de uma de suas ousadias ao chegar a Cajazeiras, mais de 50 anos atrás, recém formado em medicina na Bahia. Retornou às raízes e se deu bem, como atesta a trajetória de homem público, agora, recordada pela mídia estadual. De outras audácias só vim tomar ciência muito depois, quando as bem comportadas meninas dos mistérios noturnos começaram a bater com a língua nos dentes... Mas isso é matéria para enfeite ficcional, quem sabe.
Volto à Tribuna. O número de estréia traz esta manchete: Cajazeiras, Cidade Esquecida! Figura, Apenas, no Mapa das Campanhas Eleitorais. Logo abaixo, na primeira página, estão estes títulos: Autorização Ministerial Para Obter 30 Trilhos; Energia Elétrica Diurna, Edifício da Prefeitura e Fórum; Precário o Estado do Hospital – Falta tudo no HRC, Até Água! Na última página: O Aeroporto só existe no verão – verdadeiro pântano no inverno.
E as propagandas? Uma delícia: Armazém São Paulo – o maior sortimento de tecidos, redes, sobrinhas, chapéus. Lyra, Pinheiro & Cia – agentes de automóveis e caminhões Chevrolet. Armazéns Ouro Branco de Américo Almeida, Tecidos S/A. Nas páginas internas, há reclames menores: Bar e Sorveteria Aloma, de José Gonçalves Moreira; Drogaria dos Pobres, de Donato Pereira; Mercearia Moreira, de J. Moreira; Casa São Luiz, de Albino Gonçalves Dantas; A Pernambucana; Loteria Estadual do Ceará – compre no“cambista José Lopes de Lima, conhecido como Pássaro Preto. A SANBRA – compra algodão, oiticica e mamona.
Para aguçar mais ainda a saudade cito anúncios de médicos, dentistas e advogado: Deodato Cartaxo, Sabino Guimarães, Valdemar Pires Ferreira, Francisco Barbosa, Líbio Brasileiro, Vicente Leite Rolim, Manoel Domingos Sobreira e José Rolim Guimarães.
Por fim, em homenagem à imprensa cajazeirense, em particular, aos radialistas, transcrevo na íntegra o seguinte texto: Para uma propaganda eficiente de seu estabelecimento Comercial Anuncie em A Voz do Sertão, a única amplificadora ouvida com nitidez de qualquer ponto da cidade. Encerra, diariamente, suas atividades às 20 horas. Fone 177.
Isso faz 55 anos! Que mudança frente à realidade atual, Cajazeiras com seis emissoras de rádio e portais eletrônicos de causar inveja.
Essa sessão nostálgica é para registrar a saudade de Júlio Maria Bandeira de Mello que, com sua irreverência, ao lado de Zé Guimarães, povoaram de ilusões minha adolescência. Que Deus o tenha sob guarda.
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