Conhecido por Zeco, meu bisavô paterno, era descendente direto do Padre Rolim, fundador da cidade de Cajazeiras. Vivia na zona rural cuidando da sua terra, depois se mudou para a cidade onde foi funcionário da Prefeitura Municipal de Cajazeiras. Inicialmente morou numa que ainda hoje existe, a penúltima à esquerda de quem sobe da Rua Santo Antonio para a Rua Dr. Coelho. Posteriormente mudou para a casa que, na tradição cajazeirense, tinha sido a residência da veneranda Mãe Aninha, genitora do Padre Inácio de Sousa Rolim, fundador da cidade, local onde hoje está edificado o Cajazeiras Tênis Clube (Reveja o post “Destruição de uma Relíquia”). Era uma casa de taipa, situada no meio dos dois lances do açude, ao pé das cajaranas que substituíram as cajazeiras originárias, de onde surgiu o nome do lugar.
O velho tinha olhos de lince, sua visão até morrer era excepcional, lia qualquer coisa sem precisa de óculos, qualidade que herdou a sua filha, Tia Alodia, que até os dias de hoje do alto dos seus 95 anos também ler os jornais diariamente sem precisar de “pince-nez” (como se chama óculos antigamente).
O velho era um garanhão. Conta-se que já octogenário arranjou uma mulher para os lados dos Remédios (nessa época, ainda nem sequer era bairro) e quando estourou a notícia houve uma reunião familiar para coibir esta atitude vergonhosa do velho Zeco que muito desagradou a minha vó. Ele contra-argumentou assim: “Ora, que é vocês querem? A velha quando eu procuro se vira para o outro lado. Ela só quer saber de comer e rezar!”. E continuou com o seu caso que lhe arrefecia o seu apetite.
Morreu no ano de 1958. Como fazia habitualmente, antes do almoço passava numa bodega próxima tomava o seu “sargento” (apelido da época para a marvada cachaça), almoçava e fazia a sua sesta. Nunca mais acordou.
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