Meia disse que o retorno ao Moisés Lucarelli foi "bem acertado"
Quando a Ponte Preta decidiu formar a comissão técnica, ainda no final de 2010, visando planejar a equipe para o Paulistão e Campeonato Brasileiro da Série B, muita gente questionou se os profissionais contratados seriam os mais indicados.
Afinal, pouca gente havia ouvido falar no treinador Gilson Kleina que, a seu favor tinha apenas a confiança do gerente de futebol Marcus Vinicius, um ex-atleta da própria Macaca que havia sido convidado a trabalhar em Campinas pelo presidente Sérgio Carnielli.
O trabalho vingou, a Ponte Preta foi bem no Estadual e só foi eliminada da competição pelo Santos, de Neymar, que acabou ficando com o título.
Começou a Série B, a Ponte fazia boa campanha e no mês de julho a diretoria anunciou a volta do meia Renato Cajá, provocando um grande burburinho no Estádio Moisés Lucarelli. Afinal, seria “uma boa” trazer de volta um atleta que chegou a ter problemas na Justiça com a Ponte Preta, depois de ter sido vice-campeão paulista pelo clube de Campinas ?
Mas a história provou a contratação foi acertada e, nessa entrevista concedida ao EPTV.com, Renato Cajá fala um pouco da sua experiência como atleta de futebol profissional , da saída e do retorno a Campinas.
EPTV.com – Renato, de onde surgiu o apelido “Cajá”?
Renato Cajá – Eu me chamo Renato Adriano Jacó de Moraes, sou casado com a Jeanne e tenho uma filha chamada Vitória de 4 anos. O apelido “Cajá” vem da minha cidade natal, Cajazeiras que fica no Estado da Paraíba. Comecei a minha carreira nas categorias de base do Mogi Mirim em 2000 onde fiquei até 2005. Depois atuei por clubes como a Ferroviária, Juventude-RS, Al Ittihad, Grêmio, Botafogo e Gangzhou Evergrande, na China.
EPTV.com - Este é o seu melhor momento na Ponte Preta?
RC - Meu melhor momento foi em 2008. Terminei o campeonato com oito gols, fui um dos melhores do Paulista. Hoje estou em um momento bom, que tem dado para ajudar a equipe. O time se encontra em um momento muito feliz na competição.
EPTV.com - Como foi a experiência de ter marcado pela primeivez em um Dérbi? Você viu mesmo que o goleiro Emerson, do Guarani, estava adiantado?
RC - Fiquei feliz em entrar na história. É uma sensação muito diferente de ver a torcida. Um clássico importante, e fiquei muito contente de ver o torcedor vibrando. Antes de chutar eu observei o posicionamento do goleiro e procurei colocar a bola fora de seu alcance.
EPTV.com - Seu contrato vai até quando?
RC - Meu contrato vai até Maio de 2012.
EPTV.com - Você sente que o grupo tem cara de quem quer subir para a Série A?
RC - Tem, cara. É um time vencedor, jovem, de pessoas que querem vencer na vida e com certeza esse acesso não nos escapa esse ano.
EPTV.com - Você sempre foi evangélico? Qual a importância da fé no dia a dia de um atleta profissional ?
RC - Não. Eu me converti em 2003, e desde essa época Deus tem mudado a minha vida. Tenho usado a fé, na palavra de Deus, que é minha base para tudo. Uso minha fé para a minha vida, meu dia-a-dia. Minha crença em Jesus Cristo, nos mandamentos do Senhor, e procuro aconselhar pessoas para seguir num caminho correto, e de obediência. Vejo o que Deus fez e mudou na minha vida, e quem sabe ele pode também fazer na vida de outras pessoas.
EPTV.com - Renato, quando sua volta foi anunciada, alguns torcedores torceram o nariz. Com você superou esse fato e reconquistou os torcedores que estavam meio, digamos, desconfiados?
RC - Logo que vim assinar o contrato, tive um encontro com torcedores que não queriam que eu voltasse. Infelizmente muitas coisas que eles escutam pela imprensa, não é o que nós aqui dentro sabemos. Já tinha conversado com diretores, bem antes de vim para cá. Em 2009 já tinha falado com eles, e este ano também já para voltar. Sempre deixei as portas abertas. O presidente sempre gostou de mim, uma relação muito boa. Infelizmente aconteceu o problema com o clube árabe e a imprensa passou uma imagem minha de mercenário. Mas estou feliz aqui e o que importa é eu fazer meu trabalho.
EPTV.com - A sua saída da Ponte Preta foi meio conturbada? O que aconteceu na verdade?
RC - Minha saída da Ponte foi a melhor possível. Foi uma venda importante para a Ponte Preta. Infelizmente o clube árabe (Al Ittihad) não cumpriu com suas obrigações que estavam no contrato. Fui vendido, não emprestado. Tinha o direito de ir a outro clube e surgiu uma proposta boa da Coréia. Acabou não dando certo o clube coreano e tive a proposta do Grêmio. Segui o caminho que achei certo. Felizmente acabei voltando para a Ponte e encerramos qualquer imbróglio judicial. Está tudo em paz aqui com o presidente, a diretoria, a comissão e o grupo que aqui está.
EPTV.com - Fale suas passagens por Grêmio e Botafogo?
RC - No Grêmio foi em 2009. Fiquei dois meses parado depois que cheguei da Arábia. Cheguei só fazendo físico durante dois meses. Fui jogar em setembro. Uma passagem rápida que não tenho nem lembranças direito. Joguei no time B e só na reserva do time principal. Do Grêmio, boas lembranças só dos amigos mesmo. No Botafogo fui melhor. Em 2010 fomos campeões cariocas. Joguei a final do Carioca. Maracanã lotado, uma experiência marcante. O Botafogo na fila de anos querendo ser campeão e quebramos a sina de vice. Ficamos entre os seis do Brasileiro. Em 2011 foi a minha melhor fase no Botafogo. Comecei a pré-temporada e o Carioca de titular. Comecei bem, fazendo gols. Queria sair do Botafogo antes de vencer o contrato sendo vendido. E foi o que aconteceu. Surgiu a proposta do clube chinês e saí de um clube deixando uma marca, algum dinheiro para o clube e que me deu oportunidades. Foi muito boa a passagem por lá.
EPTV.com - Como foi sua experiência no Al-Ittihad,a Arábia Saudita?
RC - Experiência curta. A primeira vez que saí do país. Um país totalmente fechado, religioso, mas foi boa para o meu crescimento. Fui campeão árabe, ficamos entre os oito da Ásia. Conheci outra cultura, outros jogadores e um país diferente. Foi legal.
EPTV.com - E na China, fale de sua passagem no Guangzhou Evergrande?
RC - Passagem curta também, que me chateou muito. Saí estando bem no Botafogo. Titular, fazendo gols, aí vem um clube chinês e me compra e fiquei na expectativa de fazer uma história lá. Mas infelizmente não deu. Eles contrataram outro atleta, eles estavam bem, o time estava dez pontos na frente do segundo. Outra cultura, outra experiência. Para um jogador brasileiro que saí do país e vai para um outro bem diferente, precisa de adaptação porque é outro ambiente, outro futebol. Mas é importante seguir. Tenho contrato de três anos com eles lá, e vamos vero que Deus nos reserva no futuro.
EPTV.com - Renato, há espaço pra você e o Renatinho jogarem juntos?
RC - Quando cheguei aqui nós começamos a jogar juntos. Não tem problema nenhum. O Kleina sabe posicionar a equipe ideal, que possa suprir as necessidades da Ponte. Importante que o time está forte e todos estão determinados em um só objetivo, que é o acesso.
EPTV.com - Conte alguma história engraçada que você vivenciou no mundo do futebol?
RC - No futebol foi no Botafogo. Eu estava na reserva. Dez jogos sem jogar e fui jogar o último jogo da fase de classificação, que não valia mais nada, contra o Bangu. Nas semifinais eu estava em casa, chateado, pois não estava sendo convocado. E o mundo dá voltas. Acabou a semifinal e eu estava jogando a final como titular. Isso é engraçado porque você vê um treinador que não conta com você e te põe na final.
Outra situação engraçada, que eu achei interessante, foi na Arábia. Estava dentro do ônibus, e vi dois policias de mãos dadas. Achei muito engraçado ver os dois fardados, só faltando se beijar. É o costume deles, homem com homem andar de mãos dadas. É assim com os homens, e não com as mulheres. Achei muito engraçado e curioso.
(Com a colaboração de Thiago Toledo, da assessoria de imprensa da Ponte Preta).
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