Por
Francisco Frassales Cartaxo
Meus caros estudantes, Caja- zeiras está mudan- do neste começo do século 21.
Virou uma cidade de estudantes. Se no passado remoto foi iluminada pelo saber
do padre Rolim, hoje é polo universitário e de ensino médio. Expressivo e di-
versificado. Milhares de alunos, daqui e de fora, formam um contingente de peso, não só pelo número, mas sobretudo pela influência que exercem. Sua presença provoca alterações nos costumes, estimula as atividades econômicas ao ponto de induzir mudanças no padrão da construção civil. Os 10 mil alunos dos 40 cursos de graduação e de nível médio representam uma força com potencial para mudar o rumo da história.
versificado. Milhares de alunos, daqui e de fora, formam um contingente de peso, não só pelo número, mas sobretudo pela influência que exercem. Sua presença provoca alterações nos costumes, estimula as atividades econômicas ao ponto de induzir mudanças no padrão da construção civil. Os 10 mil alunos dos 40 cursos de graduação e de nível médio representam uma força com potencial para mudar o rumo da história.
A maioria das pessoas ainda não se deu conta desse fato novo. Mas é bom
prestar atenção. A movimen- tação de rua, sinto- nizada com as mobi- lizações nacionais,
foi até agora insignificante frente ao potencial da juventude residente em
Cajazeiras. Um contingente de origem geográfica, social, econômica, religiosa heterogênea
na sua formação, mas homogêneo na propensão à mudança. E o que é mais
significativo, para mobilizar-se não depende do beneplácito de nenhuma autoridade,
de nenhum chefe. Não se sujeita ao poder. Nem a ninguém. Prova disso são as
articulações que precederam os protestos de rua, as redes sociais usadas como
ferramenta eficaz.
Cajazeiras consolida-se a cada ano como polo de ensino. Uma cidade de
estudantes. Cheia de problemas. Dentro e fora das escolas. No século 19, um
padre sábio abrigava no seu colégio poucas dúzias de internos, vindos de longe
para receber saberes intelectuais capazes de levá-los à elite da sociedade.
Hoje é diferente: a presença de milhares de jovens impacta a vida de Cajazeiras,
interfere até na qualidade dos edifícios residenciais. Portanto, seus problemas
deixaram de ser “assunto de família” ou meramente educacional. Assumem dimensão
política, no sentido de exigir intervenções do poder público, destinadas a apoiar
os núcleos de ensino e seus protagonistas: os estudantes.
O poder público, apegado à velha política, não enxerga essa nova realidade.
Se os governos - esta- duais e municipais - tivessem lucidez para compreender o
significado dos fatos emergentes já teriam cuidado de muita coisa. Por exemplo:
os acessos rodoviários diretos ao campus da UFCG, incluindo a Perimetral Norte;
o transporte coletivo urbano decente e barato para todos, inclusive para os
alunos de faculdades e colégios; conclusão do Aeroporto Regional; modernização do
HRC, implantação de áreas de lazer etc. etc. Essas coisas, no entanto, passam
ao largo das preocupações dos gestores, inclusive do Orçamento Democrático. É
uma pena. Talvez, vejam nessas questões, “coisas de rico”, como classificaram a
Perimetral Norte e o Aeroporto Pedro Moreira, já apelidado de “o interminável”...
A propósito, o DER/PB está pavimentando 400 km de rodovias em 4 anos!
Palmas! Mas gasta mais de 30 meses para contratar
o balizamento noturno do Aeroporto, para nivelar as faixas de escape da pista asfaltada
de 1.600 metros! E a cerca de arame? Lembrem-se os do poder: o Aeroporto tem
tudo a ver também com a melhoria do ensino no sertão porque vai facilitar o
intercâmbio de professores, fator essencial para elevar a qualidade do ensino
público e privado em Cajazeiras e Sousa. Só quem tem a visão rasteira de cágado
não enxerga isso.
Meus caros estudantes, até aqui vocês são objeto das transformações
vividas em Cajazeiras. Agora precisam assumir a condição de sujeito da
história. Isso vocês sabem como fazer.
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