quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O caixão de defunto boiando no açude

Sempre aprendemos em criança que desobedecer não é um bom caminho. Os castigos de Deus vêm indubitavelmente como um aviso que é preciso obedecer aos meus velhos. Mas qual criança quer concordar livremente com isto. Acho que o gozo da sensação da desobediência é maior do que os rigores dos castigos, humanos e divinos.
Eu tive duas mães. Bom... não sei! Ser vigiado duplamente não é uma coisa tão maravilhosa. Ambas eu as amei e amo. Ambas distantes por desígnios do nem sempre compreensível destino. A primeira por não habitar este mundo. A segunda, antevendo que ela seria a cizânia do meu casamento, abdicou de morar quando tive a minha primeira independente. Preferiu, e até hoje, mora com uma irmã minha.
Mas voltando a desobediência.  A segunda me levou para tomar banho no açude da Arara. Sítio do meu avô, o meu Éden infantil. Menino não se cansa e, infelizmente, os mais velhos são danados para se cansar. Dazima, eis o nome da segunda, já enfastiada do pastoreio, começa a me chamar para ir embora, ou melhor, voltar para casa do meu avô, a casa-grande do sítio, como nós lá chamamos fazenda. E cadê eu acatar o pedido. Ralhando ele me diz que ia me deixar sozinho e me desejando que uma alma me aparecesse. Na verdade, a beira do açude ficava na parte baixa e ela ficou me espreitando detrás de um juazeiro próximo ao açude.
O sentimento da liberdade me deixou feliz como um passarinho que foge da gaiola, mas não sabe mais enfrentar o mundo livre depois de tanto cativeiro. Nado à vontade, dando os meus cangapés solitários, quando... sinto o meu pé bater em algo sólido no meio da grácil água do açude! Quando emergi para ver o que era aquele sólido, apavorado vi um caixão de defunto correndo e se afastando de mim, não sabia se foi pelo pontapé que recebeu ou se fugiu para me avisar que, desta vez, não me faria mal pela minha inobediência...
Faltou coragem, mas não faltou perna para correr, até o calção ficou lá na beira do açude...


4 comentários:

  1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    EU EM SEU LUGAR, TERIA MORRIDO..
    AINDA HOJE POR CAUSA DESSAS E OUTRAS
    TENHO MEDO DE ALMAS...AFY

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  2. Acredito na existência dos espíritos, talvez algum
    tenha mesmo chamado sua atenção, por ter morrido afogado naquele local ou quem sabe, jogado lá.
    Nada acontece por acaso!

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  3. Isso foi uma assombração, uma visagem e ou uma butija.. naquele tempo seu de "minino" todo mundo
    sabia das coisas que acontecia em toda redondeza.. Com certeza a história do caixão de defunto talvez seria mais uma das assombrações inventada para aterrorizar as crianças inocentes com o objetivo de torná-las mais obedientes e tementes..

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  4. isso é coisa de "mininu buchudo" rsrs

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