Por Francisco Frassales Cartaxo
Cartaxada é um encontro de um pedaço da
família Cartaxo. Uma espécie de con-venção, envolvendo uma pequena fração
familiar. Pequena em face da numerosa descendência do português Joaquim Antônio
do Couto. Aí pelos meados do século 19
ele aportou ao Recife e veio pelos caminhos das águas até a Ribeira do Rio do
Peixe. Na verdade, pouco se sabe da vida além-mar de Joaquim Antônio do Couto.
Todavia, uma coisa é certa: ele nasceu na vila do Cartaxo, então um lugarejo
quase perdido no mapa de Portugal, próximo à cidade de Santarém. Aqui no
sertão, em suas andanças de vendedor ambulante, de tanto citar sua terra natal,
fregueses e amigos passaram a tratá-lo por Cartaxo. Lá vem Joaquim, do Cartaxo,
diziam. Chegou o Cartaxo!
Joaquim não teve dúvida, incorporou,
formalmente, mais um sobrenome: Cartaxo. Com isso, impregnou no nome - Joaquim
Antônio do Couto Cartaxo - a nostalgia de sua longínqua vila portuguesa. Assim
nasceu a família Cartaxo. E começou a crescer quando ele casou com Ana de
Albuquerque, recebendo como dote (léguas de terra?) do pai de Ana, o desbravador
Luiz Gomes de Albuquerque. Após enviuvar, contraiu novas núpcias com outra Ana,
a Ana Josefa de Jesus (filha de Serafim Gomes de Albuquerque e Joana Lins de
Albuquerque), neta do mesmo Luiz Gomes de Albuquerque. Desses dois casamentos
nasceram 14 filhos: 2 do primeiro e 12 do segundo. Essa gente cresceu e foi se
espalhou pelo Brasil, de modo que onde houver um Cartaxo, lá está na origem o
sangue da Ribeira do Rio do Peixe! No Brasil, só existe uma família Cartaxo.
A Cartaxada, porém, só abarca um pedacinho
dessa imensa árvore genealógica: o galho brotado do casamento de Cristiano
Cartaxo Rolim com a cearense, de Várzea Alegre, Isabel Sales de Brito ou Isabel
Sales Cartaxo. Que parentesco tem Cristiano com o português Joaquim Antônio do
Couto Cartaxo? Cristiano é bisneto. Sua mãe, Ana Antônio do Couto Cartaxo (Mãe
Nanzinha) era filha do primogênito do português, de nome José Antônio do Couto
Cartaxo. Em resumo: o português Joaquim Antônio gerou José Antônio, que gerou
Ana Antônia (Mãe Nanzinha), que gerou Cristiano. Do casamento com Isabel, em
1921, Cristiano deixou 12 filhos. Hoje somos mais de 150 descendentes vivos,
incluindo genros e noras, de quatro gerações. Isto responde a esta pergunta-queixa:
- Eu também sou Cartaxo, por que não
fui convidada para a Cartaxada?
Reitero o que disse antes, porque a
confraternização é exclusiva dos descendentes de Cristiano e Isabel. E são
muitos. Residem em várias cidades do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia, São Paulo. E até na Alemanha!
Como teve início a Cartaxada? Espalhados
por este mundão de Deus, muitos primos e primas, tios e sobrinhas e tias e sobrinhos
sequer se conheciam. Para falar a verdade, alguns nem sabiam da existência de
outros... Vendo as fotos da comemoração em Cajazeiras (1989), dos 85 anos da
avó Isabel, o neto Marcelo Cartaxo começou a bolar com primos e primas forma de
reunir a família, novamente. Após muita articulação, deu-se o encontro no
Icaraí, em 1999. Assim nasceu a Cartaxada. Incluindo a festa dos 85 anos de
dona Isabel como a Cartaxada pioneira, de lá até aqui, são dez encontros de
muita confraternização familiar, cultura e lazer, realizados mais ou menos de
dois em dois anos. Houve Cartaxada no Icaraí, Brejo das Freiras, João Pessoa,
Recife, Salvador, Natal, Fortaleza e Cajazeiras.
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