Por Francisco
Frassales Cartaxo
Para quem não conhecia o reitor Edilson
Amorim, como este cronista, foi uma revelação ouvir sua fala na Audiência
Pública. Sincero e espontâneo, ele confessou-se xiita no passado. Na campanha
para vice-reitor, em 1999, com relatório do Bando Mundial debaixo do braço, a
enxergar em linhas e entrelinhas a peste da privatização. Via então, no
papelucho do BIRD, prova inconteste de conspiração internacional contra o
Brasil e os trabalhadores. Ex-dirigente sindical, Edilson conhece muito bem os
dois lados da mesa. Sua trajetória pessoal lhe deixa à vontade, portanto, para
afirmar com autoridade que andar muito para a esquerda termina por levar o
militante à direita. A terra é redonda e os extremos se encontram... Sabia
lição de quem conhece Marx e viveu situações que o ajudam hoje a conduzir o
processo de adesão da UFCG ao novo modelo de gestão hospitalar do governo
Dilma. Um trunfo para nossa luta. Cajazeiras só precisa calçá-lo com o suporte
política e popular. E esperar bom senso e realismo do Conselho Universitário da
UFCG.
Na Audiência Pública do dia 28 na
Câmara Municipal, sob a lúcida e firme coordenação de Alex Costa, houve 13
intervenções, além das falas inicial e final do reitor. Ao acompanhar o evento,
a 600 quilômetros de distância, fiquei de olhos pregados na internet, ouvidos
atentos. Foi um alento. Os argumentos usados pelo reitor são sólidos,
convincentes. O histórico do conturbado encaminhamento do processo de adesão ao
novo modelo, coincidindo com disputas eleitorais internas à UFCG, foram causas
do insucesso político e formal de 2012. Agora não. Difícil repetir-se o erro
anterior, salvo se os muito à esquerda quiserem produzir uma farsa... Quem
sabe, para confirmar um popular axioma de Marx... Aos xiitas de hoje, Edilson
lembrou palavras de outro cientista: “Não
basta ler Marx, é preciso ouvir as ruas”. A Audiência foi um passo firme na
mobilização da sociedade do Alto Piranhas. A luta será vitoriosa.
As 13 intervenções na Audiência
comprovam, mais uma vez, que Cajazeiras é diferente. Briga, mas se une quando a
causa exige. As entidades organizadas assumem agora o comando com a mesma
firmeza de outras lutas. Afora um ou outra nostalgia de palanque, o que se
ouviu na Audiência foram coisas sensatas. Peço permissão, todavia, aos meus
amigos e autoridades que fizeram uso da palavra, para realçar a fala de uma
mulher. A mim me impressionou a objetividade de Cláudia Dias (foto), prefeita de Monte
Horebe e presidente da AMASP, aliás, a última a se manifestar. Com simplicidade
ela disse que levará sua juventude e sua força a todos os municípios
integrantes da AMASP, na busca de apoio de seus colegas prefeitos e dos
vereadores. Cumprirá assim sua missão de autoridade. Logo em seguida, falou do
papel do HU de Cajazeiras: no futuro não será preciso levar a Campina Grande ou
João Pessoa um doente mais complicado, com o risco até de perder-se na viagem
um ente querido. E findou sua intervenção com estas palavras: “Como mãe, eu quero assegurar um bom futuro
para meu filho”. Pronto. Falou por todos sem fanfarronice.
O reitor Edilson Amorim deveria
convocá-la para prestar depoimento como prefeita de cidade pequena, cidadã e
mãe. E de presidente da entidade que congrega 15 municípios do Alto Piranhas. Deixem
que ela, na singeleza de sua fala, confronte a objetividade de suas verdades
com a verborreia xiita cheia de argumentos sacados de manuais ideológicos mal
digeridos. E de corporativismo envelhecido a desprezar a população, a realidade
e o futuro.
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