terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Hospital Universitário de Cajazeiras

Por Francisco Frassales Cartaxo
Para quem não conhecia o reitor Edilson Amorim, como este cronista, foi uma revelação ouvir sua fala na Audiência Pública. Sincero e espontâneo, ele confessou-se xiita no passado. Na campanha para vice-reitor, em 1999, com relatório do Bando Mundial debaixo do braço, a enxergar em linhas e entrelinhas a peste da privatização. Via então, no papelucho do BIRD, prova inconteste de conspiração internacional contra o Brasil e os trabalhadores. Ex-dirigente sindical, Edilson conhece muito bem os dois lados da mesa. Sua trajetória pessoal lhe deixa à vontade, portanto, para afirmar com autoridade que andar muito para a esquerda termina por levar o militante à direita. A terra é redonda e os extremos se encontram... Sabia lição de quem conhece Marx e viveu situações que o ajudam hoje a conduzir o processo de adesão da UFCG ao novo modelo de gestão hospitalar do governo Dilma. Um trunfo para nossa luta. Cajazeiras só precisa calçá-lo com o suporte política e popular. E esperar bom senso e realismo do Conselho Universitário da UFCG.
Na Audiência Pública do dia 28 na Câmara Municipal, sob a lúcida e firme coordenação de Alex Costa, houve 13 intervenções, além das falas inicial e final do reitor. Ao acompanhar o evento, a 600 quilômetros de distância, fiquei de olhos pregados na internet, ouvidos atentos. Foi um alento. Os argumentos usados pelo reitor são sólidos, convincentes. O histórico do conturbado encaminhamento do processo de adesão ao novo modelo, coincidindo com disputas eleitorais internas à UFCG, foram causas do insucesso político e formal de 2012. Agora não. Difícil repetir-se o erro anterior, salvo se os muito à esquerda quiserem produzir uma farsa... Quem sabe, para confirmar um popular axioma de Marx... Aos xiitas de hoje, Edilson lembrou palavras de outro cientista: “Não basta ler Marx, é preciso ouvir as ruas”. A Audiência foi um passo firme na mobilização da sociedade do Alto Piranhas. A luta será vitoriosa.
As 13 intervenções na Audiência comprovam, mais uma vez, que Cajazeiras é diferente. Briga, mas se une quando a causa exige. As entidades organizadas assumem agora o comando com a mesma firmeza de outras lutas. Afora um ou outra nostalgia de palanque, o que se ouviu na Audiência foram coisas sensatas. Peço permissão, todavia, aos meus amigos e autoridades que fizeram uso da palavra, para realçar a fala de uma mulher. A mim me impressionou a objetividade de Cláudia Dias (foto), prefeita de Monte Horebe e presidente da AMASP, aliás, a última a se manifestar. Com simplicidade ela disse que levará sua juventude e sua força a todos os municípios integrantes da AMASP, na busca de apoio de seus colegas prefeitos e dos vereadores. Cumprirá assim sua missão de autoridade. Logo em seguida, falou do papel do HU de Cajazeiras: no futuro não será preciso levar a Campina Grande ou João Pessoa um doente mais complicado, com o risco até de perder-se na viagem um ente querido. E findou sua intervenção com estas palavras: “Como mãe, eu quero assegurar um bom futuro para meu filho”. Pronto. Falou por todos sem fanfarronice.
O reitor Edilson Amorim deveria convocá-la para prestar depoimento como prefeita de cidade pequena, cidadã e mãe. E de presidente da entidade que congrega 15 municípios do Alto Piranhas. Deixem que ela, na singeleza de sua fala, confronte a objetividade de suas verdades com a verborreia xiita cheia de argumentos sacados de manuais ideológicos mal digeridos. E de corporativismo envelhecido a desprezar a população, a realidade e o futuro.


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