Por Francisco Frassales Cartaxo
O velho Hospital Regional de Cajazeiras, instalado nos meados do século
20, entra em crise. De novo. Como a memória é curta, passo a relembrar fatos
recentes. Aliás, re-centíssimos. No início de 2009, portanto, apenas quatro anos
atrás, tinha i-nício a gestão tripartite. Pa-ra quem esqueceu, gestão tripartite
era o modelo compartilhado entre os três entes da federação: Município, Estado
e União, esta representada pela UFCG. Essa forma de dirigir o Hospital foi
naquela ocasião o melhor caminho para transformá-lo em efetivo núcleo de apoio
ao ensino na área de saúde, sobretudo, o novo curso de medicina da federal. Para
refrescar a memória, transcrevo a seguir trechos do artigo publicado no Gazeta
do Alto Piranhas, em 3 julho de 2009.
“Até agora, 100 dias sob a égide do
novo modelo, muitas coisas aconteceram. O HRC, um dos maiores hospitais
públicos da Paraíba, tem mais de 60 médicos e capacidade nominal para 150
leitos. Há quatro meses, porém, só havia cerca de 40 leitos disponíveis. Hoje
já são 90. O almoxarifado estoca medicamentos para um mês. Adquiridos com
decência. Antes, comprava-se às pressas. Nem sempre com decência.
Estabeleceu-se escala de trabalho na UTI e fora dela. Escala disponível a quem
desejar conhecê-la, aliás, entregue em mãos pelo diretor geral, Antônio
Fernandes, aos secretários de saúde dos municípios da região do Alto Piranhas.”
“Muitas coisas estão acontecendo.
Boas para uns, ruins para outros. Por exemplo, eliminaram-se abusivas misturas
do público com o privado num mesmo arco. Isso fere interesses. Algumas pessoas
não se conformam em ver o HRC em mãos limpas e afastadas de manipulação
político-eleitoral. Existem os que reagem às medidas saneadoras. Paciência.
Esses poucos vão ter que aceitar a nova realidade, salvo se a sociedade
cajazeirense der as costas a seu próprio futuro, agarrando-se a um passado que
é prejudicial à maioria e à melhora da saúde da população e do ensino no
sertão.”
“Nos últimos anos, seu funcionamento vinha sofrendo
pesadas críticas, paradoxalmente, quando mais se investiu em modernização.
Apesar dos fortes mecanismos oficiais de apoio à saúde pública, a realidade do
dia-a-dia levou o HRC a perder credibilidade, de tal modo que pacientes fugiam
dele e procuravam melhores alternativas de atendimento, embora mais distantes.
Por quê? Em face da má gestão hospitalar, objeto de constantes reclamações na
mídia local. E sussurradas à boca pequena. Falava-se, também com insistência,
de conduta ética reprovável e de improbidade administrativa.”
“As mazelas do Hospital ficaram ainda mais expostas
após a criação do curso de medicina na UFCG, mercê da necessidade de
aproximá-lo do campus, integrando cada vez mais prestação de serviços
hospitalares, exercício profissional e campo de estágios para os alunos dos
atuais cursos de medicina e enfermagem.”
“Então o HRC está uma maravilha? A nova gestão
resolve tudo? Nada disso. Trata-se apenas do começo da mudança. Para o conjunto
da sociedade sertaneja não há solução melhor. Solução que precisa ter
continuidade. E apoio. Forte e consciente.”
Tudo o que está entre as-pas, foi reflexão feita por mim há quatro anos,
quando José Ma-ranhão governava a Paraíba. Apoio não faltou, inclusive da parte
do Movimento dos Amigos de Ca-jazeiras - MAC, em especial, nas crises agudas
vividas pelo Hos-pital. E no governo de Ricardo Coutinho? Disso falarei na
próxima semana.
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