por Francisco
Frassales Cartaxo
Nasceu em Cajazeiras, mas foi criado em
Campina Grande e adotou o Recife como sua cidade. A raiz, porém, está lá na
terra distante, onde abriu os olhos. Falo de João Braga (foto), filho de José Epaminondas
Braga que migrou para a Rainha da Borborema quando sentiu ser pequeno o
comércio sertanejo para abrigar seu objetivo empresarial de crescer sempre.
O filho tomou outro rumo. No Recife, João
Braga enveredou pelos caminhos da política, inserindo-se fortemente na classe
média, através de uma entidade (Causa Comum) que se afirmou como defensora de
segmentos sociais ligados aos direitos dos usuários do Sistema Nacional da
Habitação, na época, a porta de entrada para alimentar o sonho da casa própria.
A atuação séria à frente da Causa Comum e a militância partidária credenciaram
Braga a ocupar cargos eletivos (vereador do Recife, deputado estadual) e,
também, de secretário da prefeitura do Recife, na segunda gestão de Jarbas
Vasconcelos. Nesse posto, desenvolveu reconhecida atuação, consolidando-se como
o administrador ousado ao enfrentar enormes desafios, tais como o problema dos
camelôs nas ruas centrais da capital e a eterna carência de obras de
infraestrutura. Nessa missão João Braga firmou-se como “tocador de obras”, tal
o empenho com que cuidou da cidade. Buscou então um voo mais alto: ser prefeito
do Recife. Na verdade, sonho acalentado desde sempre. Quando se sentiu
preparado, os tempos eram outros.
Jarbas havia mudado de campo político,
afastando- se de Miguel Arraes para formar a “U- nião por Pernam- buco”, uma aliança
com ferrenhos ad- versários do antigo PFL. Em nome disso, Jarbas lançou o
ex- governador Roberto Magalhães (1996) para sucedê-lo na prefeitura do Recife.
Dois anos após, Jarbas foi eleito governador, impon- do a Arraes terrível derrota.
Em 2000, Roberto Magalhães deixa de vencer no primeiro turno por menos de meio
ponto percentual. Para isso, concorreu João Braga, como candidato sob a legenda
do PSDB. O beneficiário indireto de seus votos foi o então deputado estadual do
PT, João Paulo, que findou por conquistar, já no segundo turno, surpreendente
vitória eleitoral. Assim, evaporou-se o sonho do cajazeirense João Braga de ser
prefeito do Recife, cidade que ele diz conhecer “como a palma da mão.”
Braga continuou a desenvolver atividades
político-partidárias, exerceu o mandato de deputado estadual, até 2006, quando
não conseguiu reeleger-se. Hoje, aos 64 anos, filiado ao Partido Verde, dedica-se
à iniciativa privada e não pensa em concorrer a cargo eletivo. Com ênfase ele
diz que “Desde que perdi a eleição, em
2006, sai do circuito. Estou curtindo outra fase da vida.” Estava. A partir
desta semana, ocupa a Secretaria de Mobilidade Urbana, a convite do novo
prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), para cuidar do trânsito numa cidade à
beira do caos. Braga afirma saber “decorado” o que vai fazer. “Posso antecipar
que atacarei o transporte público e restringirei o individual. Vou construir ciclovias
onde for possível, tirar todos os camelôs das ruas.”
Boa sorte, amigo. Disposição para trabalhar,
você tem. E a torcida de milhões de cidadãos que sofrem as agruras do infernal
trânsito do Recife. Boa sorte, Braga, você vai precisar, também, de muita reza.
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