por Francisco Frassales Cartaxo
Chagas Amaro estima existir em Cajazeiras uma parcela entre 5% e 10% do eleitorado que vota com independência. Sem rabo preso. Seriam 2.000 a 4.000 votantes livres para escolher seu candidato, o que julga ser melhor para Cajazeiras, também, sob o aspecto ético, um gestor com um mínimo de decência no trato dos recursos públicos. Enfim, que não seja corrupto.
Ao escutar os debatedores me perguntei: o candidato está falando para que público? Notei que dois postulantes se dirigiam a sua própria galera, em busca de aplausos, por isso carregavam em conhecidas acusações ao concorrente, a fim de realçar-lhe os pontos fracos. Mesmo quando Carlos Gildemar puxava um tema sério, os outros dois voltavam aos ataques. Ou exaltavam seus próprios feitos, muitas vezes, sem o menor respeito à verdade. Pinóquio exultava! Por quê? Porque é essa sua estratégia de campanha. Exemplos? Vamos a eles.
Juventude e drogas. Houve quem falasse na solução do problema como se faz com delinquentes, isolando-os do convívio social pura e simplesmente. E citou-se a Fazenda Esperança, na esperança de enganar os incautos... Falaram do que não entendem. Fazenda Esperança é espaço mantido a duras penas por instituição católica em vários estados, com base numa prática de recuperação de dependentes químicos, mediante uso de assistência religiosa, de processos pedagógicos consistentes e testados. Não se trata, portanto, de realização de governo que um prefeito possa prometer como faz com a construção de uma praça.
Mobilidade urbana. Um candidato disse que iria contratar mais guardas municipais para orientar o trânsito... Santo Deus! O outro, falou em calçar ruas, aproveitando para repetir que deixara verba para seu sucessor pavimentar, aliás, confundindo ruas calçadas nos bairros como investimento estruturante... Só o candidato do PSOL demonstrou saber do que falava.
Proposta cultural. O leitor lembra quais foram as propostas apresentadas? Difícil lembrar. Retalhos da fala do candidato do PSOL, por ser professor, poeta, escritor, portanto, do ramo, iluminaram o tema. Mesmo assim, os palpites perderam-se na lenga-lenga da extinção ou criação de secretaria de Cultura, como se isso fosse o ponto central de nossa cultura. Bom, talvez seja para a visão caolha de quem só pensa em criar cargos comissionados para abrigar os amigos...
Problemas estruturantes. A expressão apareceu mais de uma vez, aliás, aplicada erradamente. Um chamou de estruturante a pavimentação de ruas na periferia da cidade e a construção de área de lazer... Que horror! Assim, os sérios problemas urbanos, agravados pelo crescimento desordenado de Cajazeiras passaram distante do debate. E sem o menor pudor se disse que a extraordinária expansão do polo de ensino superior é obra da prefeitura... Meu santo padre Rolim, me livre de tamanho menosprezo à atuação decisiva da sociedade civil organizada, ao trabalho do reitor da UFCG, do IFPB, da diocese de Cajazeiras, de grupos privados que investem tempo, dinheiro e inteligência nas atividades de ensino.
Corrupção. Este assunto esteve presente o tempo todo. Também pudera, o debate parecia briga do sujo contra o mal lavado... Nem para isso se prepararam bem. Não ouvi, por exemplo, Carlos Rafael listar os processos judiciais em curso contra o ex-prefeito Carlos Antônio. Nem ouvi Carlos Antônio fazer defesa convincente para atos de improbidade administrativa, arguidos pelo Ministério Público.
Conclusão. Dois candidatos falaram para suas próprias galeras, choveram no molhado. Gildemar acertou em cheio ao dirigir-se aos 10% de eleitores independentes. Enfim, só se dá o que se tem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário