por José Antonio Albuquerque
Estudiosos dos fenômenos da seca citam que a “primeira seca de que se tem notícia no Nordeste aconteceu entre 1580 e 1583, sendo que o estado mais atingido foi Pernambuco. Naquela ocasião, os engenhos da Província não moeram, as fazendas ficaram sem água e cerca de cinco mil índios desceram o Sertão em busca de comida”.
Citam ainda que: “até hoje, a seca considerada mais arrasadora foi a ocorrida em 1877, que durou três anos e atingiu todos os estados do Nordeste. Durante essa estiagem, calcula-se que morreram 500 mil pessoas, o equivalente à metade da população do semi-árido. Foi nessa época que o problema das secas no Nordeste passou a ser considerado de âmbito nacional. Criou-se uma Comissão Imperial cujos membros, depois de percorrerem a região afetada, sugeriram as seguintes medidas para amenizar a calamidade: construção de três ferrovias e de trinta açudes, instalação de observatórios meteorológicos e abertura de um canal para levar água do Rio São Francisco para o Rio Jaguaribe, no Ceará.
Mas, de todas essas medidas, apenas um açude (o Quixadá, no Ceará) foi construído. As obras desse açude ficaram dois anos paralisadas e só foram concluídas em 1906”. Como sempre neste país o que os políticos prometem nunca cumprem e o Imperador que na época declarou que venderia até a última jóia da coroa para não ver os nordestinos morrerem de fome e de sede jamais vendeu sequer um grama de ouro de seu precioso tesouro.
Mas a “mais prolongada e abrangente seca nordestina até o momento foi a de 1979: duraram cinco anos e atingiu até mesmo regiões nunca afetadas anteriormente, como a Pré-Amazônia Maranhense e grande parte das zonas da Mata e Litoral do Nordeste. Pela primeira vez, a estiagem avançava além do Polígono das Secas. Foi atingida uma área total de 1,4 milhões de km2, quase todo o Nordeste.
O governo federal criou um "programa de emergência" que consistia na liberação de recursos para pagar um salário aos agricultores que passaram a trabalhar na construção de obras na região”. No período, cerca de 2,3 milhões, somente no estado do Ceará, foram integrados às frentes de trabalho nos municípios onde moravam. Um dos pontos mais polêmicos, podendo ser considerado a outra face da moeda: foi o uso da seca como instrumento político e econômico. E a classe política aparece mais uma vez como grande beneficiada com “a tão falada indústria da seca”. A indústria da seca sempre acabava beneficiando políticos e latifundiários, restando ao sertanejo partir em busca de outros estados.
Na cronologia das secas, registra-se que no ano de 1615 aconteceu uma seca de razoável proporção e no biênio 1914/1915 houve uma seca de grande intensidade em toda a região semi-árida nordestina. Em 1915, portanto há 99 anos, chegava a Cajazeiras o primeiro bispo da recém criada Diocese, Dom Moisés Coelho, que enfrentou sua primeira grande batalha: minorar a fome do povo da cidade e conseguiu junto ao governo federal a construção do atual Açude Grande, que recebeu o nome de Epitácio Pessoa e para a obra foram contratados 300 “cassacos”. Estudos preliminares indicam a probabilidade de termos uma seca no próximo ano. Muito embora no município de Cajazeiras este ano tenha chovido acima da media, que foram contínuas, mas de pequenas pluviosidades, permitindo apenas, para os que plantaram terem tido uma boa colheita, mas por outro lado não foi o suficiente para os açudes de nossa região armazenar água que suportasse mais um ano de estiagem.
Quando chegará o dia em que não será mais preciso termos tanta preocupação com o fenômeno da seca, que é inevitável, e passaremos a ter uma estrutura hídrica suficiente para solucionar definitivamente o problema?
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