Por Francisco Frassales
Cartaxo
Como sempre o carnaval deixou ressaca, um rastro de cansaço,
alegria, recordações revividas em fotos, postadas quase ao vivo nas redes
virtuais. Compartilhadas com os amigos. Ou simplesmente curtidas. Do carnaval
restaram também amargas lembranças de acidentes, brigas e mortes. Ficaram
suspiros de amores voláteis. Outros nem tão, é bem verdade. Nada que não se
tenha visto e vivido em carnavais passados. Este ano, alguns candidatos
ensaiaram passos de popularidade, sem graça, a mídia a mesclar folia e campanha
eleitoral. Já, já a gente esquece.
De agora em diante a Copa do Mundo de Futebol ocupará
enormes espaços, de fazer inveja ao Galo da Madrugada, gigantesca galinha a
agasalhar gente e ações nada republicanas. Com isso, a mídia ativa os sentidos
da população, aguça suas agruras diárias pela falta de transporte de qualidade,
de saúde, segurança, educação. Um convite às ruas, mais que à própria torcida,
para o protesto. A campanha eleitoral será mais curta. 2014 chega com uma
novidade capaz de mexer com os parâmetros até agora adotados em estudos
eleitorais, a começar pelas pesquisas de intenções de votos. Aliás, as redes
sociais na internet já estão inundadas de mensagens de postulantes a cargos
eletivos. Esta, sim, é grande novidade desta eleição.
E esta novidade está no tamanho das redes, na sua
abran- gência, na capacidade de disseminar infor- mação com cele- ridade, no seu uso
generalizado, ao ponto de sedimentar o hábito em boa parte da população. Não só
entre os jovens. Não pense o leitor que a onda virtual esbarra nas faixas
etárias até os 30 anos, os “nativos digitais”. Vai além. A onda avança e atinge
os velhos também. Pesquisa divulgada mês passado indica que as pessoas com mais
de 50 anos, por exemplo, estão aderindo em massa ao Facebook, a rede social da
moda. A adesão às redes pelos mais velhos tem crescido, hoje, muito mais rápido
do que entre os jovens. Os filhos e netos continuam maioria nas redes, é
notório, mas eles perdem terreno para pais e avôs. Estes cada vez mais ávidos
de curtirem mecanismos modernos de comunicação. Esse fato produzirá efeitos na
inclinação do eleitor. É provável que as redes virtuais entrem com força na
disputa pela primazia dos instrumentos de informação na hora de definir e
consolidar o voto. Sua capacidade de multiplicar rapidamente fatos e boatos
pode alterar os esquemas tradicionais das disputas eleitorais no Brasil,
anulando vantagens aparentes baseadas em formas tradicionais de exposição de
candidatos. O guia eleitoral gratuito é um deles. Ainda é cedo para afirmar isto,
mas há sinais no ar, ou melhor, no mundo da internet.
Não quero com estas observações trocar conteúdo por forma. A
força deve persistir com a natureza das propostas, a trajetória dos
postulantes, a importância do apoio político etc. Mas é inegável que a haverá
do lado da recepção pelo eleitor maior rigor avaliativo, muito mais do que em
eleições anteriores. Mensagem balofa, vazia de conteúdo tende morrer no senso
crítico dos internautas, na troca de impressões entre eles, a despeito das
asneiras que circulam em abundância nas redes virtuais. 2014 será um teste
interessante para aferir o peso das redes virtuais nas eleições. E a capacidade
dos partidos em interagir com o eleitor em rede.
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