Por
Francisco Frassales Cartaxo
Quando estive em Cajazeiras, semana passada, dei um pulo no inconcluso aeroporto
Professor Pedro Moreira e, surpreso, des- cobri um estranho animal ar- rastando-se ao
pé da cerca de arame. De mansinho, me aproximei e com muito esforço pude
identificá-lo: um preguilesma. Não se trata daquele “monstruoso inseto de
ventre abaulado cheio de pernas” que espantou o metamorfoseado Gregor Samsa, o incrível
personagem de Franz Kafka. Nada disso. Preguilesma é bicho mesmo daqui, vive no
aeroporto regional de Cajazeiras, seu lugar preferido.
Preguilesma é um mistura de preguiça e lesma. Um monstro. Um monstro que
reúne a lentidão do mamífero à incapacidade de andar sem deixar o rastro do
molusco as- queroso. Dois anos da tartaruga voadora, criada no governo Ma- ranhão,
somados aos 26 meses da gestão Ricardo Coutinho fizeram nascer o preguilesma. Culpa
do DER? Não. O DER, que apenas supervisiona aquele empreendimento, é ágil,
muito ágil até, na construção de estradas, haja vista a execução do ousado
programa rodoviário. O superintendente Carlos Pereira se esforça para entregar
400 km de pavimentação até o final de 2014. E ainda quebra tabus antigos, como pavimentar
o trecho São José de Piranhas-Carrapateira, nos aproximando da histórica Santa
Fé. O esforço não é em vão. A mídia noticia, com monótona frequência, a adesão
de prefeitos ao projeto de reeleição do governador. E não adianta negar a
tática, aliás, mais inteligente e eficaz do que promessas ao vento, tão ao
gosto de lideranças políticas carcomidas.
Se é assim com estradas, por que o preguilesma mora no aeroporto?
Porque o governo é míope. Ora, se essa mio- pia fosse problema para
oftalmologista, era fácil resolver: doutor Sabino Filho dava um jeito na hora...
Infelizmente, a doença é muito mais grave. Basta lembrar pa- lavras de um irrequieto
rapaz, arvorado em por- ta-voz de Ricardo, ao enquadrar o aeroporto como obra para
gente rica. Coitado, não enxerga sequer os votos das centenas de famílias do
sertão da Paraíba que usam o aeroporto de Juazeiro, para vir do Sudeste, de
Brasília todos os anos... Lembro também o deslize de outro correligionário de
Ricardo, prestativo, trabalhador, inteligente, mas que embarcou em onda burra,
deixando escapar não ser o aeroporto prioridade para o governo do PSB! Que é
isso, companheiro?
Eu disse aos colegas do MAC que erramos ao encaminhar, via DER, os
problemas do aeroporto, ao invés de fazê-lo junto à Secretaria de Turismo e
Desenvolvimento. Quem deve conduzir as ações dirigidas para desenvolver o
estado é o secretário Renato Feliciano. Pelo menos ele tem obrigação funcional
e política de tratar dessa questão. Não o fez até agora. Nem mesmo tentou incluir
Cajazeiras no programa do governo Dilma de estímulo à interiorização de linhas
aéreas regionais. Portanto, o MAC errou. O erro maior, todavia, é do governo
estadual, ao dar tratamento secundário a um importante equipamento destinado a
impulsionar o desenvolvimento do sertão paraibano. Não apenas de Cajazeiras,
como enxerga Efraim Filho.
Disseram-me que o secretário Fe- liciano esteve em Cajazeiras, porém, não
se ouviu dele uma palavra acerca do aeroporto! Os companheiros da im- prensa, por
sua vez, nada lhe per- guntaram sobre o tema, talvez, ini- bidos pelos gritos do trêfego
porta-voz de Ricardo na região do Rio do Peixe, para quem o aeroporto é coisa
de rico... Enquanto isso, o preguilesma cochila junto à cerca do aeroporto,
deitado na babugem nascida com as chuvas de fevereiro...
Infelizmente, esta publicação é de 2013, estamos em 2018, quase 5 anos depois, e nada mudou, minha mãe mora em Sousa, bem próximo, e eu em São Paulo, infelizmente isso nunca ira mudar, principalmente a parte de ter que ir à JDO ou JPA para chegar ao Sertão. Viajo dia 9, no próximo carnaval, 8 meses depois são as eleições para governador, irão fazer inúmeras promessas, mas poucas são cumpridas.
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