sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Hotel Oriente

Logo ao dobrar a esquina do Hotel Oriente em direção à praça da prefeitura, na Rua Tenente Sabino, na terceira casa morava o Tenente Ramalho, reformado e integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Fazia muitas estripulias. Não era medo de alma o que eu mais temia neste período da minha infância, mais do que lobisomem, eu me tremia e se danava a correr quando via o Tenente.  Era uma inocente injustiça! Sóbrio era uma ótima pessoa, mas quando bebia fazia um bocado de fuzarca, saía com a cabeça enoralada num lençol branco, dava tiros para o ar, saindo despido no meio da rua. Eu, quando  saía de casa sempre ia com os olhos bem abertos com medo de cruzar com ele.
 Certa vez quem pagou o pato das extravagâncias do Tenente Ramalho foi o Inácio Assis dono da telefonia de Cajazeiras. Boa parte da cidade ficou com os seus telefones mudos e Inácio Assis não conseguia resolver o problema que motivava a reclamação geral dos usuários.
Então Inácio resolveu vistoriar a rede de fios dos telefones. Concluiu que havia em algum lugar um fio rompido. Com a paciência de Jó, lá vai Inácio e após trabalhoso e meticuloso trabalho localiza o fio quebrado. Logo aonde? Na Rua Tenente Sabino próximo à residência do Tenente Ramalho. Emendou o fio e os telefones voltaram a funcionar. E ele também se inteirou da origem do problema. Numa das suas peripécias, o Tenente Ramalho dando tiros para o ar acertou o fio causando a confusão!